#hashtags

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—vou cortar meu cabelo hoje.
—ah, tá precisando de um corte mesmo, seu cabelo tá com uma cara feia de descuidado. #adoro essa gente sincera!
dai que cortei possivelmente uns 20 cm de cabelo e estou me sentindo outra pessoa. mas depois da primeira lavada no meu novo cabelo curto estou com uma cara de versão rocky horror show da shirley temple. #mas não estou revoltada. #nem reclamando.
meu marido engraçadinho–—olha, no tractor supply vende free range chicken… poop! #silly mas adoro mesmo é quando ele diz—deixa que eu lavo a louça! #kisses
uma das nossas editoras que veio do leste dos EUA me disse que a mãe dela pensa que aqui na Califórnia só tem gangues e rattlesnakes. #the wild, wild west!
escolhi não escovar os dentes pra poder ver o final do filme. embaixo da árvore, sentada no banquinho, vendo um filme dos anos 40 pelo iphone. #amo o século 21
tenho certeza que na minha encadernação passada, nos anos 30/40, eu vivia dentro das salas de cinema. #cecilia feelings
comecei a ver Rocco and His Brothers do Luchino Visconti que gravei do TCM e até agora só posso dizer–—que mãe italiana é aquela? #hahaha!
Robert Osborne me contou q o Joel McCrea tinha 1,91 m e é era preciso fazer alguns truques pra que as atrizes não ficassem muito baixas nas cenas ao lado dele. é que nas décadas de 30/40 as mulheres não eram tão altas como hoje. as atrizes populares da época eram todas petit. vejo isso quando tento comprar roupas vintage. quer dizer, só olho, nem tento, pois absolutamente nada me serve. até os sapatos eram minusculos. #vintagepeople
chips de falafel que encalhou virou farinha de rosca. bolachinha gourmet que ninguém gostou virou farinha de rosca. #comigo é assim
moço alto de camisa branca, calça preta e sapato social carregando um urso cor de rosa de tricot na mochila. #rsrsrs
estou numa fase “peanut butter é bom pra mim”. e me deixa! #©dani70
a realidade mais tenebrosa é que não tem como fugir das assombrações nas redes sociais. #cruizcredo

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white picket fence

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Nao sei como machuquei meu joelho caminhando na treadmill no YMCA. Meu marido então disse—Fer, você CAIU da treadmill? Ele acha que sou uma mulher pastelão, Buster Keaton meets Eddy Monsoon.
Vi com meus próprios olhos todo mundo que criticava os blogs virar blogueiro. E agora estou tendo um déjà vu com o instagram. De repente ficou tudo muito chato. Ou já estava chato há muito tempo e agora só agravou.
Palavra nova que aprendi nos últimos dias—”awning”. E duas expressões que eu acho super estranhas, apesar de concordar que fazem sentido—”yesteryear” e “take a listen”.
Estamos pintando a casa por fora. Foram três dias para lixar e lavar e vai levar mais uma semana pra pintar. Acharam duas ocorrências de dry rot––outro pêsadelo de quem vive em casa de madeira. Os moços são super gentis, mas o preço que estão nos cobrando pelo serviço não quero nem mencionar.
Dos bafões que cometo diariamente os piores são os pelo telefone. O moço da locadora de carros me perguntou o meu número pra poder me contactar e eu—aaawnnn—shame on me, que nunca consegui decorar o número de celular que tenho desde 2008.
A gente nem se toca mais disso, mas é super século 21 a cena do cara parando a bicicleta pra atender o telefone que tocava dentro do bolso da calça jeans.
Outro dia vi um moço no campus e cobiçei uma amizade. Por causa do visual—sapatilha de lona, bermuda, camiseta e suéter, segurando uma sacolinha de pano—e porque ele estava dando um abracinho na colega.
From: Barack Obama
Date: Tue, April 24, 2012 9:05 am
To: Fernanda Guimaraes Rosa

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1928

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passa mês, passa manada

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É claro que a moça da ótica lembrou de mim. Quem mais aparece lá vestida num mega colete de fake fur de lobo das montanhas? Sentada no banquinho embaixo de uma árvore vejo o esquilo comendo flores pendurado na pontinha de um galho bem finiho lá no alto—prevendo um tombo. Bebo suco verde feito com folhas de beterraba influenciada pela minha mãe. No restaurante indiano vazio em Woodland pedi um monte de comida sem nem saber o que era o que. E estava acordada. Vi que o cozinheiro no restaurante indiano vazio fritando as somosas estava usando um toque, aquele chapelão branco de chef frances. E eu estava mesmo acordada. Nervoso imenso de gente que acredita em tudo que lê/vê na internet e divulga lendas urbanas como verdade. Vamos pintar a casa. E consertar uma goteira no telhado. Qualquer coisinha que precise de conserto numa casa velha vai custar no mínimo mil patacas americanas. Sinto que deveria ter plantado uma árvore de dinheiro no quintal, ao invés daquele limoeiro.
make it snappy, would you?

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tudo normal

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Foi na thrift store que uma mulher berrou assim que eu entrei, de banho tomado, cabelo molhado, perfume espirrado—tem alguém aqui cheirando muito bem! Foi na thrift store que outra mulher me questionou, depois de examinar o meu casaco de couro forrado com pele de carneiro e políester—você não acha que está vestida um pouco exagerada? Foi na thrift store que me vi refletida no espelho vestida com uma saia longa de camadas e um casaco branco peludo [que parece um tapete de banheiro] e por uma fração de segundo me senti um peixe fora d’água. Até perceber atrás de mim uma moça com cabelo de três cores, saltos altíssimos e um casaco de pele de onça.

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fatos da vida

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—Você reparou como os estudantes que chegam todo ano na universidade estão cada vez mais jovens?
—Acho que eles estão na idade certa, nós é que estamos ficando cada vez mais velhos.
Uma das melhores coisas de se viver aqui é que não importa o quão ridicula eu esteja vestida [e eu garanto que sou boa nisso—saia longa com vestido, touca de pele de urso falso e tamancos de camponeses portugueses] absolutamente ninguém se importa. Nunca me senti examinada ou sendo alvo de zombarias, mesmo daquelas [hi hi hi] discretas. Muito pelo contrário, quando alguém me nota é sempre pra fazer um elogio, tipo amei a sua saia, que botas legais você está usando ou seu visual é super bacana.
Me perdi da minha amiga e sentei sozinha pra almoçar numa mesa no restaurante da universidade. Dois rapazes saídos do Big Bang Theory pediram licença pra sentar comigo. Um indiano e outro loiro gordinho, os dois comendo burritos gigantes com nachos, começaram a puxar papo—você trabalha aqui ou estuda? faz o que? onde? Me contaram que estudam biologia molecular. Eu o tempo todo com uma cara de “mocinhos, vocês nao precisam puxar papo só porque estão dividindo a mesa com outra pessoa”. E esse convercê forçado rolando enquanto eu tomava sopa com o garfo e tinha um verde entre os dentes. Grrr!
Fer Guimarães Rosa, web worker, food blogger e mãe do moço mais lindo do mundo, veste camisa Target, camiseta Banana Republic, jeans Lucky Brand, broche de thrift store e echarpe de fibra de bambu que comprou em Londres. [simulando um editorial casual pra revista brasileira TPM]
[hi hi hi]

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[vintage love]

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Tenho gostado imensamente de viver na nossa bolha do tempo, na vizinhança antiga, uma casa antiga, recheada de tranqueiras antigas, escutando uma trilha sonora antiga, assistindo cenas de filmes e envolvendo-se em tramas antigas. Tudo isso amparado por uma incrível modernidade, como a possibilidade de carregar pelos cômodos da casa todas as jóias preciosas do passado musical e cinematográfico dentro de pequenas gadgets, como iphone ou ipad. Uma combinação imperfeita do que pode ser e o que apenas parece que é. É tremendo paradoxo, eu admito. Mas é muito legal, exatamente por ser extraordinário.

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boxing day revisited

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Meu marido—aquele moço grisalho com uma cara de bunda atrás de mim nas lojas de roupa no dia seguinte do Natal. Eu queria muito a companhia dele, mas errei insistindo pra ele ir comigo. As lojas estavam absurdamente abarrotadas de gente e ele com aquela cara de nhoque. Dai fui toda pimpona experimentar um casaco de pele falsa de urso branco e ouvi—esse casaco parece o tapete do banheiro. grrrrrr!

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o passado não condena