[quase famosos]

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—como é trabalhar com o Sr. José Firelli?
—desculpa, mas é Zefirelli.
—ah, para a senhora, que é íntima!
[narrado nas crônicas de Paulo Francis] hahaha!
A vida é realmente um sitcom. Meu chefe me contou uma história surreal que aconteceu com ele e que ele chamou de The Water Nazi—relativo ao The Soup Nazi do Seinfeld. O cara chegou na máquina de refil de água do supermercado com 17 galões vazios e ocupou as 4 torneiras. Meu chefe pediu pra usar apenas uma, pra encher apenas um galão e o cara respondeu mal humorado que NÃO. E acabou com a água da máquina.
Também tenho uma história similar—The Salad Bowl Nazi. Estava na thrift store num sábado, como é muito meu costume, garimpando coisinhas de cozinha. Achei uns potinhos, uma bandeja e numa pilha de coisas em cima do balcão, descobri uma saladeira bem bonita por $3. Peguei e segui em frente. Regra de thrift store é achou, gostou, segurou firme! Porque tá solto é de qualquer um. Bom, estava na fila pra pagar quando uma mulher se aproximou e arrancou a saladeira da minha mão com a maior violência. Fiquei atônita, como ficaram também todos os outros que estavam na fila comigo. A mulher, numa voz alterada, bradou—isso É MEU, eu já paguei! Pagou e largou em cima do balcão. Merecia perder os três mangos, pra aprender uma lição. Mulher grossa e ralé. Nem todo mundo que frequenta lojas de segunda mão é assim, pelo menos não na que eu frequento.
Uriel comentando a última edição da revista Martha Stewart Living, com ela na capa disse—usaram uma foto dela de 30 anos atrás, né? Incrível, mas a mulher, além de rica, linda e poderosa, ainda parece imortal. Preservada no formol. Muito ódio dessa edição de setembro da revista—com ela super xóvem na capa, mostrando a organização da cozinha dela. Isso não se faz! Mostrar aquilo pra nós, pobres e mortais, gente que envelhece e que não tem uma super cozinha organizada por uma equipe. Sem falar que a malandra se apossa de todo e qualquer objeto antigo e vintage disponível. Não sobra talheres de baquelite nem vasilhas de argila vitrificada pra mais ninguém.

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diário de um ócio viral

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Sábado: gripe chinesa que não sai de mim. Coisa! Na próxima viagem do meu marido por terras longínguas vou fazer quarentena nele, e só me aproximar quando tiver certeza que ele nao trouxe nenhum vírus na bagagem. Ele já esta bem e eu tô piorando. Deitada vendo tv. o que mais me resta? Key Largo—Lauren Bacall linda linda linda, de saia e espadrilhas.

Domingo: gripe miseraver. Café com leite, brioche com mel, pílula vermelha. Dia incomum—não vou nadar nem cozinhar e vou ver TCM o dia todo. Chá de gengibre. Paladar e olfato: ausentes. Cara de travesseiro. Em outubro o Steve Martin vem tocar banjo aqui em Davis. Ele tem uma banda. Abbott & Costello. nunca vi dupla mais chata.

Segunda-feira: queria entender por que eu recebo tanto catálogo de equipamento de camping e de esportes. Bengala de escalar montanha, eu?? Seria pelo fato de eu ser membro do Pacific Masters? Eu sou porque fui obrigada, não porque quis ou sou atleta. O Pacific Masters me envia todo mês uma revista de nadadores que eu nem abro, reciclo sem ler, pra não ficar me sentindo uma bag of potatoes.

Terça-feira: finalmente vou ver The Private Lives of Elizabeth and Essex, com a Bette Davis e o Errol Flynn. Tava mais do que na hora, né Moa? Bette Davis tinha um cacoete de mexer o corpo enquanto declamava suas frases dramáticas que transparece em todos os seus filmes e personagens. Sem falar nas brecadinhas repentinas e viradas de corpo bruscas que ela fazia enquanto falava. Está em todos os filmes que ela fez. Todos! Pronto, Flynn já levou a bofetada histórica. Davis está insuportável nesse filme. contrastando com a lindeza e o charme irresistível do Errol Flynn. Perdeu, Bette, perdeu!

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cenas deste capítulo

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Meu gato velhusco, Misty, miou e espateou a porta do meu quarto das 6 am até às 8 am quando eu finalmente levantei e fui dar comida pra ele. BOM DOMINGO pra você também, viu Misty? Agora vou cutucar o gato que me acordou de madruga e está dormindo todo folgadão e pimposão. Sou vingativa?
Três band-aids, uma abelha e um besouro. No fundo da piscina.
Os anos 60 precisavam mesmo de uma revolução. No fime Please Don’t Eat the Daisies de 1960, com Doris Day e David Niven um detalhe chocou. Eles fazem um casal com quatro filhos, um deles ainda toddlerrfica o tempo todo dentro de uma jaulinha. Não é cercadinho, é uma jaulinha mesmo. Durante o filme, os pais dão brinquedinhos para o menino, trancado na jaulinha, o gurizinho baubucia mamã, dadi e continua lá na jaulinha. A mãe e o pai esticados no sofa, exaustos e o gurizinho dentro da jaulinha COM O CACHORRO. Dai vem a emprega e tira o menino da jaula. Parei de ver o filme, decidi dormir. mas fiquei encafifada, será que era comum colocar as crianças em jaulas naquela época? Que horrore!
Meu filho ganhou a kombi usada no cenário do músical Hair num leilão. Agora ele tem uma kombi cor de rosa pintada com flores na garagem dele.
Eu pro meu chefe—me atrasei pois estava fotografando um bolo que meu marido comeu duas fatias e estragou minha concepção da foto.
Às vezes a melhor resposta é não dar resposta nenhuma.
A wish list do meu filho na Amazon é praticamente uma viagem pra outro planeta. Não sei exatamente o que foi que comprei lá pra ele!
Ninguém vai encontrar receitas com salsicha no Chucrute com Salsicha.
Todo ano de copa do mundo é a mesma história. Qualquer um que sabe ou fica sabendo que eu sou brasileira vem comentar futebol comigo. Justo comigo, que não sei de nada, não conheço ninguém e não poderia me importar menos do que já não me importo com relação a esse assunto. Nosso diretor, que é um iraquiano, já veio me perguntar—e ai, como você acha que o Brasil vai se sair nesta copa? O bom é que eu posso responder qualquer coisa, já que a minha opinião como brasileira é sempre super valorizada. Eu devo saber das coisas!
Alguém disse no rádio—when god was having a great day, he made California.

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secas

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Fui perguntar um troço pro homem do garfo e vi que ele estava tirando um cochilo sentado na frente do computador. Cabeça baixa, os dedos entrelaçados e tudo mais. E num outro dia meu chefe cochilou três vezes durante uma reunião [chata]. Fez aqueles movimentos com o queixo de quem cochila. Fiquei desesperada testemunhando aquilo. A constatação triste é que só tem gente velhusca e cansada no meu trabalho! Eu inclusa.
Parece que vamos finalmente ter uma loja do Trader Joe’s aqui em Davis. Faz pelo menos uns 15 anos que eles estão tentando se instalar na cidade. Davis é uma cidade hiponga e toda cheia de restrições e trique-triques com comércio grande. E eu ♥ Trader Joe’s!
Fato: ando com uma preguiça imensa de escrever mais do que 140 letras. Fato: ando com uma preguiça imensa de ler mais do que 140 letras.
Comprei uma calça jeans toda rasgada [toda rasgada mesmo] e uma kakhi toda respingada de tinta [toda respingada mesmo] só porque estava na liquida. A calça khaki custou $14. A jeans rasgada não lembro exatamente, mas foi por aí, um pouco mais. Se eu fosse mais fotogênica faria uma versão mulher madura do Hoje Vou Assim. Ou mais exatamente uma versão mulher madura e sem sense of style do Hoje Vou Assim.
Quando eu fico com aquela sensação de que vai dar tudo errado, é certeza de que vai dar tudo errado. Notei um subito desaparecimento da pataiada no arboretum. Eles estão chocando os ovos e fazem isso em família, papais, mamães, titios. Isso é muito fofo! Na tour que fizemos na fábrica da Theo ganhamos uns pedacinhos de chocolate para provar e adivinhar o ingrediente inusitado que se combinava ali com o cacau. Todo mundo ficou, hmmm, hmmm, hmm, hmmm, e eu [micão] gritei BACON umas três vezes, mas errei. Não era bacon. A resposta foi realmente surpreendente: PÃO. uma barra de chocolate com pão, que vou dizer, achei uma delicia. Eu não confundo somente pessoas, mas confundo também blogs. são tantos tão iguais. Dormir bem engorda? Estava tão cansada e com tanto sono que achei que era o John Wayne fazendo o papel do indio.
So-me-day you’ll find everything you’re looking for.

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um dia, dois dias, três dias

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mais autenticidade, seria bom, né? sozinha, comi sanduiche de salada de batata com ovo. e vinho. minto, não estava sozinha. o gato Misty estava na cadeira ao lado. e a salada de batata com ovo era CÍTRICA. trilha sonora by Boswell sisters—the devil and the deep blue sea. peguei um monte de apps do Lonely Planet, mesmo não estando indo viajar pra lugar nenhum, só porque estavam dando de graça. sou unha de fome? minto de novo, estou indo viajar sim, mas a cidade pra onde eu vou não está disponível na lista dos app do Lonely Planet. vestindo uma camisa azul marinho tamanho extra large do meu marido—the same old me. meus planos: cancelar todas as assinaturas de revistas. comprar um iPad. assinar todas as revistas novamente, versão eletrônica para o iPad. Peter, Paul & Mary. mãos geladas e aquecedor da casa ligado na segunda quinzena de abril. casaco, botas, guarda-chuva. estou tendo um winter déjà-vu? it rained on me. sempre percebo o erro ortográfico ou gramatical quando já é tarde demais. casquei fora do picnic de indio dos funcionários da universidade. sem muitas delongas, disse apenas—it’s not my cup of tea. sou uma lesma lerda mesmo: como que eu nunca participei de nenhuma cooking class no Co-op? minha nora voou pra Seattle ontem, meu marido está voando hoje e eu voarei na sexta. encontramos LESMAS ENORMES alojadas dentro de um repolhão meio oco que chegou com a cesta orgânica. A Place in The Sun [1951] obra prima do George Stevens. Elizabeth Taylor linda de cair o queixo aos 17 anos e Montgomery Clift, nem tenho palavras. Montgomery Clift é, pra mim, uma figura trágica. fico absurdamente comovida quando vejo filmes dele depois do acidente que o transfigurou. porque ele era lindo, lindo, lindo! muito mais que o fedorentinho James Dean e o mal humoradinho Marlon Brando.

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o passado não condena