Febenezer Guimarães Scrooge Rosa, posso ser, sim sou, assumo minha ranhetice, tudo bem. Pra mim a época de Natal é um período em que o planeta fica dominado por uma força maior. É quando uma onda de insanidade toma conta da humanidade, fazendo com que pessoas outrora comedidas saiam em total despirocagem, comprando, comprando, comprando e decorando a casa com enfeites de gosto duvidosos. Tenho muito medo de adentrar nesse território pantanoso e perigoso, habitado pelos enfeites natalinos. Já gostei mais de Natal, quando era criança e ficava encantada olhando meu pai montar uma arvorezinha artificial com guirlandas prateadas e enfeites vintage; ou quando já adolescente, montava eu mesma a árvore natural fazendo enfeitinhos de pano floridinho no formato de sinos, árvores e bolinhas na máquina de costura. Hoje sou muito minimalista e critica com relação à essa festa consumista. Uma das coisas que mais me oprime são as decorações dessa época. Lojas e vitrines decoradas com mil balagandãs natalinos e as casas—interior e exterior—piscando e pipocando com luzes e guirlandas douradas. Eu gosto de decorar minha casa para as celebrações do Natal, mas costumo fazer isso um ou dois dias antes da véspera. Coloco coisinhas que eu gosto em alguns lugares, às vezes monto a árvore no dia vinte e quatro, mas já não montei a árvore e não foi nem um pouco traumático. A decoração vai ficar espalhada pela casa do dia vinte e quatro de dezembro até o dia seis de janeiro. Já não está bom? Duas semanas de jingle bells, de cores natalinas, brilhinhos, meias penduradas na lareira, estrelas nas janelas. Mais do que isso é pura overdose. Agora me explica o que passa pela cabeça de uma pessoa que enfeita a casa, por dentro e por fora, esperando pelo Natal, no meio de novembro?