Shiuuu!

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Basta uma curta caminhada até o banheiro para eu me interar sobre os business de um tanto de gente desconhecida. Que fenômeno irritante é esse das conversas aos berros nos celulares em público. Eu tenho uma voz baixa, eu falo normalmente num tom baixo, e quando falo no celular na rua, numa loja, eu falo omo sempre falo – sem gritar. Ninguém vai ser obrigado a ficar ouvindo minhas balelas. Mas eu tenho notado muitos gritões por todo canto. Muitas vezes escuto alguém berrando na outra quadra, a pessoa está falando tão alto, que dá a impressão que algo dramático está acontecendo. É uma coisa chata, que gera desconforto. Eu não quero escutar a sua conversa. Dá pra falar mais baixo?

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on your left!

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Quando eu estou na bicicleta passando por uma multidão de outras cletas e pernas passantes, nunca sei realmente o que fazer. Vou devagar, bamboleante, pois não quero causar ou sofrer nenhum acidente. Mas é pratica dos bicicleteiros quando passam por um pedestre berrar – on your left/ right! – pra alertar o caminhante que uma bike está vindo logo atrás e vai te ultrapassar. Quando eles vêem devagar ainda dá, mas o duro é ouvir um – on your left! – e ficar zanzando indecisa como uma mosca bêbada por uns segundos, enquando a bicicleta passa a mil pela sua esquerda, quase te atropelando. O aviso de right ou left pode funcionar com pessoas normais. Não funciona comigo, que nunca consigo me posicionar direita ou esquerda assim, num pisco de segundo.

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oi!

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oi Roux! oi Fê!!

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um dia como outro qualquer

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Mais uma vez eu vou dizer que não tenho nada a dizer. Passo meu dia olhando códigos na tela gigante de um Mac cheio de post-it colados, e quando viro a cabeça para o lado vejo bicicletas, bicicletas e mais bicicletas. Alunos apressados perdendo hora pra aula, mudando de sala, de prédio. Quando acordo ainda está escuro. Isso tem me dado um desânimo. Correm os gatos na minha frente, um vai checar a comida, o outro pára no tapetinho vermelho e dá um bote – de leve – na minha perna. Eu rio. Já estou bebendo algumas xícaras de chá durante o dia, alternando com a água. Já preciso de sueters, um casaquinho outonal. À tarde alguém sempre diz – It’s really nice out there! Leio livros, folheio revistas, cozinho e escrevo, ou só escrevo, ouço jazz antigo, vejo filmes na tevê. Hoje vou ao cinema.

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Esponja

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Não conseguia dormir pensando nas pessoas dentro do avião, imagens mórbidas pipocavam na minha cabeça por causa das coisas que li. Não é a primeira vez. Sou traumatizada por informações. Não lembro exatamente qual incêndio – o do Joelma ou o do Andraus, mas lembro da foto gigante na primeira página da Folha de São Paulo, mostrando os corpos retorcidos e carbonizados no terraço do prédio. Até hoje quando lembro dessa imagem, começo a suar frio. Eu era uma criança quando vi aquilo e nunca mais esqueci. Tragédias traumatizam todos, ponto. Em todas elas eu sofri e chorei, como se tivesse acontecido comigo. Elas deixam uma sombra, um gosto amargo na boca, um ligeiro pânico. Por que eu fui ler sobre o acidente, e sobre as meninas amish executadas por um pervertido doente? Não quero saber de mais nada, não quero ler nada, discutir nada, ver nada. É tudo uma grande tristeza.

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e obrigada

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Muito obrigada à todos que deixaram recadinhos por aqui. Tive um feliz aniversário, mesmo com a tempestade de notícias deprimentes, avião caindo, corruptos e incompetentes se reelegendo, tiroteio em escolas, bombas e desgraceiras gerais. Por isso valorizo e agradeço muito todas essas vibrações positivas!

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Eles estão chegando!

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Amanhã se inicia o ano letivo aqui no campus Davis da Universidade da Califórnia. Depois de um pacato e calmo verão, já estou notando a movimentação geral. Sem falar que a universidade recebeu um recorde de inscritos, o maior número de freshmen de toda a sua história. Pudera, relembrando os quinhentos mil tours que eu vi passar e repassar pela minha janela, com famílias inteiras visitando a escola e shopping around por uma boa educação para seus recém formados pimpolhos colegianos. O resultado é toda essa gente chegando e tentando se instalar na cidade. Está muito engraçado ver os novatos circulando pelo campus, com aquela cara de perdido barata-tonta, todos segurando um mapinha nas mãos e com cara de onde estou? O tráfego de bicicletas já aumentou consideravelmente, as fraternities foram pintadas e reformadas para receber seus integrantes, e garotas de sororities, todas com o mesmo visual, ou camisetas coloridas com as letras gregas da sua denominação, caminham em grupos pra lá e pra cá. Os restaurantes estão lotados, as lojas também, acabou o nosso sossego e a vida pacata de cidade pequena. A partir de amanhã muito cuidado, para não ser engolido, pisoteado, arrastado, soterrado, arrebatado pela horda de estudantes entrando e saindo das classes.

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Bo Diddley fez Larry Vanderhoef dançar

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Primeiro evento da temporada de outono do Mondavi Center, e não poderia ser melhor. Um show de Blues. Ou melhor, três shows em um. O old timer Bo Diddley tocou na segunda parte do show. Antes, tivemos algumas baladas de Ruthie Foster, uma réplica da Tracy Chapman. Depois o Blues transvestido de Rock ‘n’ Roll do Alvin Youngblood Hart, quando foi quase impossível segurar as pernas, que praticamente dançavam sozinhas. E então chegou Bo Diddley, meio curvadinho, com sua guitarra vermelha retangular, falou e cantou sobre mulheres a beira de um ataque de nervos e vingativas, empunhando navalhas, ladrões de galinhas, bebuns, vagabundos e toda a flora e fauna do Blues. Fez todo mundo repetir refrões desconexos, bater palmas e no final levantou o teatro com mais de mil e quinhentas pessoas e fez todo mundo dançar. Durante esse momento de êxtase e felicidade, olhamos para um dos camarotes do Grand Tier e vimos o chancellor da Universidade da Califórnia em Davis batendo palmas e dançando. Façanha atribuída ao poderoso Bo Diddley.

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o passado não condena