o fabuloso e heróico resgate dos pés de pêssego

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Chorar pelo gato, cachorro, cavalo, elefante, macaco, passarinho, foca, tartaruga, é coisa normalíssima pra mim. Não posso nem ver show de culinária onde os cozinheiros degolam o peixe ou cozinham o crustáceo vivo. É um mar de lagrimotas. Mas chorar por causa de uma planta ainda era coisa que eu não tinha experienciado. Foi um choque emocional que me partiu o coração ficar sabendo que os dois pessegueiros estavam morrendo, enfiados cada um num tambor de plástico, sem água e sem o menor cuidado, no estacionamento poeirento do Western Center. Eles tinham servido para um propósito de pesquisa e desde então estavam lá ao deus dará, resistindo e insistindo em continuarem verdes e vivos.
Ontem os pessegueiros foram bravamente resgatados, pra minha alegria e alivio. Joguei tanta água neles, que quase afoguei os pobres pés de prantas. Eles agora vão poder verdejar, florir e frutificar a vontade, um em cada canto do meu quintal.

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Espelho Meu

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Se acabassemos numa ilha deserta, eu e ele, sem nenhuma superfície refletiva onde eu pudesse me olhar, acho que eu seria a mulher mais pimpona, me achando a tal, do planeta. Acordo com aquela cabeleira selvagem, look corte-de-navalha-a-seco feito pelo cabeleireiro chinês, parecendo uma louca fugida do hospício, e vou reclamar pra ele, olha só! Ele diz, mas seu cabelo está lindo, super sexy. E fala com tanta sinceridade que me dá vontade de chorar. Eu preciso começar a acreditar nele.

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televisão de gato

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Programa de hoje: rosas, gerânio, jasmim, lavanda…..

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um atrás do outro

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Preciso dizer isso, porque estou aqui de longe observando com aquela cara de mas-não-é-possível…
FERIADO no Brasil, DE NOVO????????????

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Elegância 24 horas

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Tenho vontade de gritar quando leio em revistas femininas aquelas dicas de como se vestir pra trabalhar e depois apenas jogar um xale, trocar o colar e o brinco e sair linda e fresca para um encontro com amigos numa happy hour ou um jantarzinho romântico. Ora, dá licença, mas quem é que consegue estar linda e fresca depois de uma jornada de trabalho? Nem propaganda de margarina consegue ser tão enganosa.
Vou dizer o que acontece comigo. Tomo banho às 7:30am e me visto. Vou pro trabalho linda, aprumada e cheirosa às 8am. Na hora do almoço já não estou me sentindo tão super-duper. Lá pelas 3pm estou me achando um saco de batatas, meio desconfortável, descabelada, irritada com tudo que por acaso esteja levemente apertado, desconjuntada, desalinhada, descombinada, amarrotada. Só penso em ir para casa e tirar aquela roupa, tomar um banho, não quero nem saber de ir direto pra uma happy hour ou para um jantar romãntico. Se eu não passar por um chuveiro e uma mudança total de roupa, não vou à lugar nenhum.
E agora que o calorzinho vem chegando, o que fatalmente vai acontecer é eu acabar tomando um banho quando for pra casa almoçar. Sei que chocarei a malta desavisada voltando para o trabalho de banho tomado e com uma roupa diferente, mas sorte a minha que posso ter esse luxo de chuveiro no meio do dia. Porque sinceramente, a minha elegância não é tão resistente quanto o meu desodorante.

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a vida é bela, ou feliz aniversário G.G.R.

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Duas espinhas gigantes no meio da cara tentam passar a perna no povo, dando a ilusão de que ainda estou na puberdade. Mas a verdade é que aquele moço altão e lindo ali, muito parecido comigo, não é meu irmão. É meu filho, soprando vinte e quatro velinhas hoje! Coisas estão acontecendo, bicho. O tempo vooooooa.

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até que demorou muito…

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Infelizmente aconteceu. O Roux machucou o Misty naquelas perseguições diárias implacáveis. Já chorei um barril de lágrimas. O coitado do gatonildão está cabisbaixo e acuado, com a perna machucada. Ele não deixa ninguém olhar, grune se a gente tenta por a mão, então não sabemos se ele foi mordido ou se se estrumbicou tentando fugir. E o Roux com aquela cara de tonto de sempre continuava tentando se aproximar e teve que ser trancado em outro aposento. Vamos ter que levar o Misty no vet amanhã e o Roux vai passar o dia trancado no banheiro. Não dá pra arriscar….
» dois dias depois… O Gabriel e a Marianne fizeram o grande favor de levar o Misty ao vet. Felizmente foi só uma contusão na perna, não foi fratura. Aconteceu quando o Misty tentava fugir das investidas do Roux. Como todos já sabem, o Misty é um gato pesado, sem a mobilidade e a capacidade de defesa dos gatos normais [não declawed]. Ele não pode atacar, então ele foge. E não tendo leveza, acabou se estrupiando. Está tomando um narcótico e esperamos que ele fique bom em breve. Enquando isso o pobre Roux passa as noites e as horas do dia em que não estamos aqui trancado no quarto. Ele não está gostando nem um pouco dessa cassação da sua liberdade, mas por enquanto é o jeito. Mas como se impede um gato brincalhão de tentar brincar? E um gato que não quer conversa de não sair correndo? Não temos ainda uma estratégia para o futuro…

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the one with the funny eyes

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“É você a pessoa que está ansiosa para ir para casa?”
“Sim, sou eu mesma!”
Sábado de agito total na cidade, com o Picnic Day na UC Davis, um montão de coisas pra fazer, muitos planos e de repente tivemos que fazer uma visita ao hospital. Estava escrevendo quando minha visão embaçou, ou melhor, quebrou, e não voltava mais ao normal. O Uriel tinha três olhos, o gato tinha quatro rabos, as letras estavam quebradas e eu em pânico.
Como chegamos cedo no hospital, ainda não estava aquela muvuca. Mas nos deixaram esperando um tempão, porque decidiram ligar pra um especialista, já que não acharam nada de errado nos meus olhos, nem no resto. Não era o prenúncio de um derrame, ou de qualquer outra coisa cabeluda.
Fui ficando irritada e agitada, querendo ir embora, especialmente porque me colocaram para esperar a resposta o médico logo atrás de uma mulher que tinha se queimado com água fervendo. Owch! Fui irritantemente rude com uma enfermeira, até que aquele funcionário afetado e rebolante, já meu conhecido deste outro freak episódio, veio perguntar se era eu a figura ansiosa pra ir embora. Eu sempre dou bafões em hospitais, mas me digam, sinceramente, quem é que não quer ir embora de um ER?
No final concluiram vagamente que eu devo ter tido uma variante de enxaqueca, chamada enxaqueca ótica. Era só o que me faltava. Em todo caso, vou ver um oculista nesta semana.

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pausa para apontar o lápis

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Como pode uma tragédia como a do terremoto de 1906 em San Francisco ser celebrada cem anos depois? Vi fotos das comemorações nos jornais e fiquei um tanto pasma. Li não sei onde como os chineses imigrantes foram tratados depois do terremoto, e de como as coisas perderam um pouco o rumo. Seria como celebrar os eventos trágicos do Katrina, daqui a cem anos. Não acho que tem nada pra se comemorar.
Mas do ponto de vista científico, o Uriel estava dizendo que o terremoto de 1906 foi incrívelmente bem documentado pra época. E isso permitiu muitos avanços nos estudos desse fenômeno.
Eu assino muitas revistas. E em todas elas vêm um monte daqueles papeizinhos-formulário, que eles colocam entre várias páginas, pra aliciar mais assinantes. Mas se eu já sou assinante, o que vou fazer com aquilo? Dar pra minha vizinha e tentar convencê-la que vale a pena assinar aquela revista? Isso me irrita pacas. E é simplesmente mais papel pra cesta de reciclagem.
Neste ano, prometo ser mais criativa com as abobrinhas. É uma resolução de verão.
Chamei a pest control company, pois a minha guest house está com formigas. Repensei muito esse meu arranjo bimestral pra tentar acabar com a racinha das formigas e outras pestes indesejáveis. Agora meu cotidiano está imerso em conselhos de como tentar se livrar das pestes primeiramente com técnicas biológicas e culturais, deixando os quimícos como última opção. Não deixei espirrar Round-up nas ervas daninhas, faço horta orgânica onde afogo lesmas invasoras na cerveja, mas quando vejo aquele mundaréu de formigas adentrando o meu espaço, me descontrolo. Mata, mata, aniquila! Não quero nem saber de controle de pestes integrado, ocarvalho!
E a horta, nada ainda.
Duas semanas com um par de sapatos e um de sandálias no shopping cart da loja online, pensando, pensando, até que ontem pela manhã finalmente apertei o botão de finalizar compra. Ah-h! Eu uso o argumento mais do que batido de que sou uma libriana, para justificar essa minha indecisão crônica. Mas sei que deve ser alguma dessas anomalias que vem embutida nos genes. E depois de apertar o botão ainda tem que lidar com a ansiedade da espera, que nem sempre é longa, mas não é a mesma coisa que sair de uma loja com o pacote. Só que desta vez a loja me deu um treat, porque sou boa cliente – tradução: gasto os tubos com eles, e vou receber a encomenda em vinte quatro horas, quer dizer, HOJE!!!!! Ah-hhh!
Nossa guest house alugou para uma moça com um cachorro. Depois de um ano de descabelamentos e irritações, nos livramos dos inquilinos geek orgânicos. Desta vez fizemos tudo através de uma imobiliária e ditamos uma lista bem longa de “don’ts”. Mas permitimos cachorros, gatos e peixes, porque eles não riscam todas as paredes e portas da sua casa com canetinha preta.

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Melhor que Prozac

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24ºC!
Agora é pra valer! Depois daquela amostra grátis fora de hora em fevereiro, a primavera finalmente chegou. E tudo muda, as caras, as roupas, o ânimo, a luz. É muito bom pedalar a bicicleta com o sol no rosto e sentir o calorzinho sem suar. E ver o gramado do Quad salpicado de estudantes lagartixando na hora do almoço. E ouvir música pelo campus. É bom também ter certas surpresas, como a de cruzar com duas vacas de verdade no meu caminho. Elas certamente fazem parte dos preparativos para o Open House da Universidade, o Picnic Day que acontecerá no sábado. A cidade está borbulhante.
E por falar em picinic, hoje faremos o nosso primeiro do ano. Tenho certeza que o parque estará lotado. Pois chegou!

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o passado não condena