que dramalhão!

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Se alguem pudesse me filmar enquanto eu assisto televisão, teria uma amostra de todo tipo de emoções, caras e bocas. Eu assisto tevê sozinha, então posso soltar a franga e rir escandalosamente, torcer a cara de nojo, chorar bem alto, beber as lágrimas e assoar o nariz com um lenço de papel amarfanhado.
Ontem eu vi um filme que proporcionou uma variedade de reações. Tem filme que é um verdadeiro dramalhão e no meio de tanta desgraceira você até se pergunta isso é sério? está acontecendo mesmo? quem foi o roteirista que escreveu essa tortura? Mas continua vendo, pois quem pode resistir a um novelão e não se importar com o que vai acontecer no final?
O filme era Kings Row de 1942, dirigido pelo Sam Woods. Dramalhão dos bons! Robert Cummings é Parris Mitchell, um órfão rico criado pela avó no final do século 19, que tem uma paixonite pela estranha filha de um médico da cidade e tem como amigos um outro órfão rico, Drake McHugh [Ronald Reagan, muito charmoso e atuando relativamente bem] e Randy Monaghan [Ann Sheridan] que mora no lado pobre da cidade. O tempo passa, Parris vai prestar exame para estudar medicina em Viena e o pai de Cassie [Randy Monaghan] vai ser seu tutor.
Então começa o melodrama: o pai da moça estranha, que na verdade herdou uma doença mental da mãe, não quer que o relacionamento com a filha seja um impecilho para que Parris vá estudar na Europa e tenha uma carreira brilhante. Então ele mata a filha e se mata em seguida. Choque!! Parris fica arrasado, mas vai seguir o seu destino. No interim, a sua gentil e querida avó morre de câncer. Parris troca correspondência com os amigos, Drake e Randy, que agora estão envolvidos românticamente. Preciso frisar que Drake fôra impedido de ter um relacionamento com Louise Gordon [Nancy Coleman], a filha do Dr. Gordon [Charles Coburn], o médico da cidade. O pai e a mãe impõem que a filha não veja mais o rapaz, que é considerado ‘selvagem’, por causa da sua personalidade livre e sem responsabilidades. Esse detalhe da inimizade da família de Louise e Drake é fundamental para que se entenda a segunda parte do novelão dramático. Enquanto Parris está ralando em Viena, estudando com Dr. Freud, seu amigo Drake perde toda a sua fortuna herdada, vaga pelos bares, até encontrar o apoio da família pobre porém limpinha de Randy, que o ajuda a encontrar um emprego na ferrovia. Numa noite qualquer, Drake tem um acidente horrível e tem suas duas pernas amputadas pelo horrorendo Dr. Gordon. O detalhe tétrico, que Louise descobre, é que a amputação nào era necessária e o médico a fez por sadismo e vingança. Choque, choque!!! Drake fica revoltado com a sua condição de entrevado e Louise é chantageada pelo pai, para que se mantenha calada sobre a amputação desnecessária e assim evitar ser internada num manicômio. Drake casa-se com Randy. Parris retorna de Viena e conhece Anna, uma austríaca morando com o pai na antiga casa de Parris e que o faz lembrar de Cassie. Dr. Gordon morre e Louise quer contar para todos que o pai fazia operações desnecessárias por puro sadismo. Parris tenta impedí-la, para não chocar Drake com a verdade. No final, depois de muitas lágrimas e conflitos interiores, Parris declama uma poesia e conta a verdade para Drake, que abraça Randy e decide viver com força e garra. Parris corre pelos campos para encontrar e abraçar Anna. The End. Ufa….
No final de Kings Row eu já tinha bebido um litro das minhas próprias lágrimas, me contorcido, tido dores de estômago, tonturas, repulsa, revolta e meus olhos estavam inchados. Valeu a pena? Claro que sim! Se não houvesse publico como eu para esse tipo de filme, seria o fim dos dramalhões e novelões!

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papo aranha

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Minha casa fica numa vila construída pela Universidade da Califórnia ao lado do campus. É bem conveniente, já que quase todos os moradores das casas coloridas são professores da instituição. Nossos vizinhos fazem parte da elite intelectual, os cabeções, da ciência, cultura e tecnologia deste país. Aqui em casa temos um representante do departamento de engenharia agrícola, na frente, a sociologia, a matemática, a antropologia e a arte, aos lados, a neurociências, o environmental design, a física e a veterinária. Pra facilitar a comunicação, temos uma lista de discussão para os moradores da vila e hoje ela está animada com um convercê por e-mail entre a vizinhança. Os orgulhosos representantes da nata intelectual norte-americana passaram a tarde discutindo um tópico realmente importante e sério: os problemas com a descarga das privadas dos banheiros….

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uma lista de filmes

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Será que eu consigo lembrar alguns dos filmes que andei vendo nos últimos dias do ano e início do novo? Me perco no atolado de filmes que vejo e revejo quase todos os dias. No dia de Natal, assistimos Notting Hill, White Christmas e Eternal Sunshine of the Spotless Mind [que eu revi pela quinta vez!!]. Depois vi pela primeira vez o original The Thomas Crown Affair com o maravilhoso Steve McQueen, The Defiant Ones e In The Heat of the Night, ambos com o inigualável Sidney Poitier [e um extra, num documentário sobre a vida do ator], Morocco, Shadow Of The Thin Man, The Manchurian Candidate, sim, o original de 1962 com Frank Sinatra [consegui ver Meg! Consegui!!], The Rolling Stones Rock and Roll Circus, Good Bye Lenin!, Grand Hotel, com Greta Garbo e Joan Crawford, Some Like it Hot, An American in Paris, Gigi, The Man Who Knew Too Much, Rope, Rear Window [Hitchcock, o eterno coringa!], Bell, Book and Candle, Annie Get Your Gun, The Bishop’s Wife, The Philadelphia Story, High Sierra, Running on Empty e fomos ao cinema [iurru!] onde vimos The Aviator, do Scorsese. E o que vou ver hoje? Hum? Hum?

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branco

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tulipas2005.JPG
todo ano, tulipas brancas para o reveillon…

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23

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Eu sou bem tradicional nessas coisas de relembrar datas e celebrar dias especiais. Todo dia dois de janeiro eu tento comemorar, mesmo sendo um dia típico de ressaca, porque foi neste mesmo dia, quando todos estavam empanturrados da comilança e com dores de cabeça da bebelança do reveillon, que eu e o Urso nos casamos. Foi um casamento divertido, os padrinhos atrasaram, porque dormiram demais, tentando se recuperar da rebordosa da noite anterior. Eu, a noiva, tive que ficar dentro do carro, dando voltas no quarteirão, até nos certificarmos que todos os convidados especiais já estavam à postos no altar. O noivo já estava, ansiosissímo! Um amigo do meu irmão foi o chofer da limusine, a Caravan cinza do meu pai. A pequena igreja lotou e eu senti a maior vergonha de caminhar pelo tapete vermelho de braço dado com o meu pai com todo mundo me olhando com um sorrisão na cara. O padre fez um discurso sobre filhos e depois, soubemos que ele abandonou a batina, se casou e teve os seus próprios filhos. Eu fui uma noiva grávida no início da década de oitenta que mostrou o barrigão de cinco meses na igreja. Hoje eu sei que isso é super comum, mas na época não era. Usei um vestido de gestante curto e carreguei apenas uma orquídea de buquê. Eu tinha cabelos curtíssimos, não usei brincos, nem tiaras e detestei a minha maquiagem. Uma das amigas do meu irmão quando meu viu pronta para entrar no carro, me deu um abraço e me disse sorrindo – você é a noiva mais linda que eu já vi na minha vida! Hoje eu sei que a surpresa foi o vestido curto e a barriga. Eu estava nervosa e só me acalmei quando segurei a mão quentinha do Ursão no altar. Quando a cerimônia terminou, saímos da igreja à passos largos, quase correndo. Nos divertimos muito na festinha, que teve sorvete, bolo e champagne para um grupo colorido de família e amigos. Não dá pra esquecer um evento como esse, que aconteceu vinte e três anos atrás!

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bom dia, 2005!

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A cozinha está uma bagunça, a cabeça dói um pouquinho por causa do vinho, mas estou de bom humor, o céu está azul, a casa está quentinha, os gatos estão de barriga cheia, o Urso está dormindo até mais tarde, falei com minhas pessoas mais queridas e vou almoçar com o meu filho. 2005 foi muito bem inaugurado!

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que 2005 seja….

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…. um ano MARAVILHOSO para todos nós! Vamos lá então, com o pé direito, brindando, com um sorriso, Feliz Ano Novo!!

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how to..

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howtomow.JPG

» um dos meus presentes de Natal pro Ursão foi este livro, que eu achei interessantíssimo e divertidíssimo: How to Mow the Lawn – The Lost Art of Being a Man. nos capítulos, além de explicações detalhadíssimas de como cortar a grama, há ítens importantes como, how to iron a shirt, remembering dates, how to stop a fight, mixing the perfect cocktail, how to carve a roast, how to shave, etceterá. infelizmente, ele não pegou o espírito da piada. logo o Urso, que tem um ótimo senso de humor…. isso é pra eu aprender que não se faz piada com os brios de um macho man!

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somebody smells really gooooood!

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Eu tenho mania de banho. Deve ter gente que ache isso estranho – tomar muitos banhos. Pra mim é normal. São dois por dia, todo dia, no mínimo. É relaxante, é confortante, é bom pra criar, pensar, refletir e meditar e ainda me faz uma pessoa cheirosa. Uma das coisas que eu tenho horror é cheiro de falta de banho, daqueles brabos de três dias sem ver chuveiro. Podem me chamar de chata, maníaca, exagerada, dramática, implicante, complicada, atrapalhada, desastrada, descabelada, mal humorada, mas nunca, ninguém, de maneira alguma, pôde jamais me chamar de fedorenta.
Saí um dia, como sempre, direto do chuveiro pra fazer coisas na rua. Dei uma paradinha na thrift store do spca, onde eu adoro encaroçar. E thrift stores, vocês sabem, têm aquele cheiro, digamos, peculiar. Mal tinha entrado na pequena loja quando escuto uma mulher falando exageradamente alto:
– alguém aqui dentro desta loja está cheirando MUITO BEM!
Eu já fiquei com a cara vermelha assumindo a culpa, pois eu tinha acabado de sair de um banho com meus sabonetes cheirosissimos e passado meus mil creminhos hidratantes e espirrado meu inebriante perfume de raizes do Amazonas… Olhei em volta, só pra ter certeza que não era outra pessoa. A mulher continuou, praticamente aos berros:
– tem alguém aqui com um cheiro MUITO BOM!!! muito, MUITO BOM mesmo!
Eu não tive a intenção de causar tanto furor, impregnando a thrift store com a minha fragrância de banho e provocando reações exaltadas. Saí de mansinho da loja, antes que minha cara de vergonha e meu cabelão molhado me denunciassem.

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o passado não condena