sem véu

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Eu tenho cruzado com tantas muçulmanas nestes últimos dias, no campus, na cidade, nas lojas. Me incomoda um pouco ver aquelas mulheres com aquele lençol enrolado na cabeça e casaco até os pés neste calorão infernal. Mas o que mais me incomoda é imaginar o que essas mulheres pensam de mim quando me vêm passar de saia pelo joelho, camiseta sem manga, chinelo e cabeleira longa esvoaçante…..
Não tenho nada contra nenhuma religião, mas tem umas coisas que estão muito fora do meu entendimento.

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caminho

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offaggievillage

» no meu caminho diário pro trabalho, passo por esse lugar saindo da vila onde moro. é o meu pedaço favorito do caminho, com eucaliuptos altíssimos ladeando a casa azul [como a minha!] e fazendo uma sombra deliciosa. dalí em diante, saio da vila e entro no campus da UCDavis.
» e esse caminho não é para carros. é uma bike path, onde eu passo à pé!

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it’s heaven!

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…… lá vou eu, entrando com o pé direito no inferno astral! E estou em muito boa companhia, com outros librianos tri-bacanas – Yedita, Carlito, Gabby, Jean, Clá, Eli, Agnes, Patricia, Juliana, Lu e Gisa …..

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nem tudo que reluz é ouro

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Parei meu carro no estacionamento da piscina ao lado de um Jaguar. Notei que era um Jaguar porque olhei o carro. Olhei o carro e notei a marca, porque ele era tão bonito que me chamou a atenção. Normalmente eu não distinguo marcas, modelos, nada. Quanto muito noto que o carro é branco ou azul… Mas esse Jaguar era realmente bonito! Modelo esportivo, cor de areia metálico, estofamento de couro beige. Fiquei matutando se ele pertenceria a algum nadador ou seria de um visitante do City Hall, que fica na frente da piscina. Quando vemos um carro ou qualquer outra coisa assim que chame a atenção, é normal tentar imaginar como seria o dono da tal coisa bonita, né?
Fui nadar e na saída o belo Jaguar ainda estava estacionado lá. Manobrando pra sair da vaga, vi um adesivo colado no pára-choque do carrinho. Quando lí o que o adesivo dizia, fiquei lívida – Bush/ Cheney 2004 .
O lindo Jaguar transformou-se num fusqueta velho. A carruagem virou abóbora!

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livros

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Eu trabalho numa sala cheia de computadores e cacarecos eletrônicos. Mas na parede ao lado da minha mesa tem uma estante enorme, cheia de livros. Se fossem livros ‘comuns’ eu não iria ter nem concentração pra trabalhar, pois iria ficar de olhão nos tais. Felizmente, a biblioteca que me avizinha só tem coisas desinteressantes, ao menos pra mim. Chego até a pensar que todos aqueles livros são refugos que ninguém quis…

Machinery’s Handbook, Handbook of Chemistry and Physics, Advanced Engineering Mathematics, Pressure Safety Draft Manual, Using Autocad, Matheson Gas Data Book, Process Dynamics and Control, Toxic Gases – First Aid And Medical Treatment, VWR Safety Catalog, Measurement and Automation Catalog, Analytical Supply Catalog, Handbook of fine Chemicals and Laboratory Equipament, VWR Scientific Products, Topometrix, Chomatography, The Complete Laboratory Glassware Catalog, Labview Measurement Manual, Data Aquisition, PH and Condutivity, Electric Heaters, Hazardous Materials….

Nenhum desses títulos tem força pra me distrair!

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c’est fini

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Enquanto eu tricotava as últimas carreiras na minha segunda touca de linha azul e assistia, sentada na beira da cama no meu quarto, ao fabuloso Gregory Peck em To Kill a Mockingbird, ouvia o escarcéu vindo da tevê da sala, onde tocavam-se trombetas e encerravam-se as chatices olimpicas. Acabou. E pra mim, não importou, não cheirou, nem fedeu.

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bored to death

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Folheio a revista Interview, que como toda revista é recheada de páginas e mais páginas de propagandas de marcas e estilistas carésimos, dolce & gabbana, yves saint laurent, hugo boss, giogio armani, calvin klein, luis vuitton, donn karan, dior, burberry, versace, kenneth cole, jill sander, roberto cavalli, fendi, diesel, guess, chanel, prada, ralph lauren, eteceterá, eteceterá…
Além de achar um saco ter que passar por esses anúncios até chegar nas páginas com artigos e entrevistas, percebo chocada que em todos eles os modelos – representando, é claro, o povo chic que compra esses produtos – estão todos com caras de saco cheio, de infelizes, de mortos-vivos…. A vida de quem pode pagar milhares de dólares por uma saia ou um sapato deve ser horrível. É essa a mensagem que eu – alegre frequentadora de thrift stores e pontas de estoque – capto desses anúncios pseudo-glamourosos.

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pelado com a mão no bolso

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Não sei explicar por que eu sou assim. Talvez eu já tenha nascido com essa mentalidade ou pode ser que eu tenha adquirido essa postura depois de alguma experiência na infância, sei lá…. Mas a verdade é que eu sou uma pessoa extremamente recatada com o meu corpo. Sempre fui assim, com períodos de altos e baixos. Isso não quer dizer que tenho um estilo beata, com saiona até o pé e broche fechando o colarinho. Eu sou uma pessoa normal, uso roupas normais, só não gosto de me expôr demais.
Nos treinos da natação esse aspecto da minha personalidade se revela de uma maneira gritante. Visto o meu biquinão automaticamente – e é lógico que prefiro um biquini, pra não ficar com aquela marcona de bronzeado de atleta no corpo – mas quando passo na frente de um espelho que tem logo na saída do banheiro do vestiário, sempre penso comigo mesma: putsz, precisa ter muita coragem pra se expôr assim com esse biquini…
Eu sei que não sou nenhum bucho e que posso perfeitamente me dar ao luxo de vestir um biquini aos quarenta e dois anos sem a preocupação de estar ofendendo ninguém, chocando ou poluíndo o visual da piscina com meu corpão não muito atlético. Com certeza meu biquini é mais notado que o meu corpo, mas o meu senso pudico me domina com mil pensamentos auto-criticos.
Outro ponto crucial é o vestiário, de onde eu quero me pirulitar o mais rápido possível. Me sinto desconfortável no meio daquele mundaréu de bundas, peitos, corpos femininos, nem todos bonitos, alguns nem tão feios. Eu não me troco na frente das outras mulheres. Faço isso no banheiro. Elas devem me achar uma neurótica, imaginar que eu tenho uma prótese de plástico no lugar dos peitos ou que tenho cicatrizes em lugares secretos, sei lá. Também não me preocupo muito e tento não ficar dando bandeira que eu estou chocada com a displicência com que aquelas mulhere tratam o próprio corpo, se expondo de maneira tão desnecessária.
Nós já vivemos numa sociedade tão voyeuristica e escancaramos tantos detalhes das nossas vidas. Pelo menos uma coisa tem que ser mantida na privacidade e no meu caso, é o meu corpo. Só o meu marido tem o privilégio de me ver pelada…. o resto do mundo, please, mind your own freaking business!

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these shoes weren’t made for walking

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Eu tenho um par de sapatos de boneca que eu adoro. Mas toda vez que uso, fico com os pés destruídos. E isso acontece com noventa por cento dos meus sapatos. É uma roleta russa, eu compro, uso uma vez e aposento, porque não tenho condições de viver com os pés cheios de feridas e bolhas. Eu até tenho uma pequena regra que eu sigo quando vou comprar sapatos: se o tal for made in china, nem perco tempo e dinheiro, porque com certeza vai machucar. Mas muitas vezes os melhores sapatos, feitos no Brasil, Itália ou Portugal, fazem um belo estrago. Cheguei à conclusão que o problema não está nos sapatos, mas nos meus pés. Então passo o inverno inteirinho [sem brincadeira, isso é totalmente decadente..] usando um par de botas Doc Martens, que comprei zilhões de anos atrás e que nunca me machucaram. E passo o verão usando um ou outro chinelo. No ano passado foi um de couro da Gap, que eu usei até esfolar. E este ano é uma Havaiana preta com tira no calcanhar, que comprei no Brasil por quinze reaus… Não que eu seja uma pessoa relaxada, cafona e deselegante, muito pelo contrário. Mas meus pés não me permitem muitas ousadias…..

these boots were made for walking

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o passado não condena