how it looks like
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Não estou gostando muito do clima extremamente pessoal que envolveu este blog nos últimos dias. Eu gosto de variar os assuntinhos com pitadas de cinema, cultura, temas interessantes e imagens. Mas a fonte de inspiração para meus escritos acabou ficando centralizada somente nas firulas da minha vida cotidiana, porque não tenho nem conseguido ver televisão, ler revistas ou mesmo ler o jornal do dia. Tenho uma pilha de jornais separados em cima de uma cadeira na cozinha. Não consegui ainda ler as minhas revistas que chegaram no inicio do mês. Agora recebo a correspondência do meu irmão que mudou-se pra Londres e tenho as revistas que chegam pra ele a mais para ler. Ver tudo isso se acumulando me dá até uma tristeza. Essa é uma das razões pelas quais eu sempre tive um certo repúdio pela vida acadêmica. Você fica extremamente limitado…. Sou testemunha do Ursão vivendo nesse esquema. Tive e tenho montes de amigos vivendo nesse esquema. E me assusto um pouco…. Mas é apenas questão de costume, de mudar a maneira de ver e de fazer as coisas, eu sei!
Meus pés estão em frangalhos: bolhas, cortes…. Parece até que eu andei correndo descalça por uma floresta selvagem. Mas não, eu apenas andei usando uns sapatos…
Deve ser difícil para um engenheiro compreender como que alguém não sabe [quer dizer, não lembra] como tirar uma raiz quadrada de um número, fazer continhas com x, y e parênteses, frações, aquelas coisas todas…Ontem eu lembrei que estudei tudo isso, talvez no ginásio. Já pensou? No ginásio?? Eu tinha uns 12 anos quando estudei essas trancas? E nunca mais usei…. Como eu posso querer relembrar tudo e ficar uma expert? Faço então perguntas pro Ursão, que está se divertindo em responder e explicar tudinho….!
Cinco horas da manhã um barulho infernal de uma máquina no parking lot do shopping center atrás da minha casa. Parecia que eles estavam lavando o chão…. Que raiva! Isso não se faz, porque estamos numa área residencial.
Com a ajuda preciosa da Reidun, comprei uma mesa para a sala de jantar, que estava vazia desde que mudamos. Fomos à uma loja que mais parece um depósito de entulhos. O lugar é imenso e atolado de móveis de todo tipo. Eu já tinha dado umas encaroçadas por lá e avistado uma mesa que me interessou, mas com pés que não me agradaram. No sábado me encantei com uma mesa diferente. Ela é rústica, tem pés simples, não tem firulas, nem verniz, abre dos lados e senta dez pessoas. É do jeitinho que eu queria. A Reidun fez a vistoria, porque eu não entendo nadica de nada de antiguidades. Comprei a mesa, que já está no meio da sala desde quarta-feira. É lindíssima! Ela tem oitenta anos! Foi feita na década de vinte por um fabricante de móveis de Bekerley. Minha missão agora é achar cadeiras para ela. Gostei da brincadeira de garimpar móveis antigos!
Não estou conseguindo me organizar. Tenho um paper pra entregar na quarta-feira, o exame do GRE na sexta-feira e nesse meio tempo praticamente um livro inteiro pra ler pra segunda-feira. Já fiz esqueminha na agenda do IMac, já organizei duas mesas de estudo, pra não misturar as bolas, mas a coisa tá complicada. O GRE está me desgastando, porque eu não entendo nem o que é pra fazer nas questões de matemática. Fui péssima aluna nessa matéria, fiz colegial de humanas e nunca mais vi uma equação desde que me formei no colégio em 1980…. é dramático! Já me aconselharam a não me preocupar com o score de matemática no GRE, que não vai ser isso que vai me impedir de conseguir uma vaga na grad school. Mas adianta o Bispo falar pra eu não me preocupar???
Desde o dia primeiro de outubro que a nossa vida mudou, porque eu coloquei o número do nosso telefone na lista ‘Do-Not-Call’, e nos elegi ao privilégio de não sermos mais importunados pelos pestes/pragas de telemarketers. É a lei! Agora se eles ligarem, pagam multa.
A diferença que isso fez na minha vida foi brutal. Antes o telefone tocava o dia inteiro e eu perdia um tempão danado indo ver who-the-hell estava ligando…. Como eu usava o caller ID pra peneirar os zilhões de ligações diárias, ficava com problemas pra receber telefonemas do Brasil, pois eles vinham com a mesma não-identificação [unknown caller] dos malditos.
Agora posso atender o telefone todas as vezes ele tocar, porque com certeza vai ser alguém me ligando, querendo falar comigo, alguém que eu conheco, pra conversar algo que tenha sentido e que importe. Ah, que maravilha!!!!!
É hoje: vamos ter votação para recall [ou não] o governador da Califórnia. O mundo inteiro assiste como se fosse um filme. Mas também, com esses protagonistas nada disso parece real.
Ler é bom, mas quando se tem que ler sessenta páginas por dia de uma chatice com título “Making America Corporate 1870 -1920” começa a dar um desânimo. But I ain’t no quitter…… e vou em frente!
O risoto com aspargos da semana passada virou um monte de bolinhos fritos para o jantar de ontem. Só acrescentei dois ovos caipiras e bastante queijo ralado. Enrolei e passei na farinha de pão. Mas porque eu sou Fezoca, tive que queimar a ponta do dedo no óleo. Cozinha é um território perigoso, campo minado, para uma desengonçada e distraída como eu.
Recebi um spam divulgando as vantagens de um software anti-spam. Demorei uns minutos pra deletar, porque eu nào conseguia parar de rir….
A Gabby está tendo uma crise…… estou com peninha dela….
As manhãs de terça-feira são sempre barulhentas. Um jardineiro trabalha nas gramas e arbustos de vários vizinhos com sua máquina de cortar grama e sua podadora infernal.
As tarefas estão se acumulando assustadoramente. E o que eu estou fazendo aqui? Tchau!
Ele ainda não tem nome, mas é uma gracinha de cinco meses, branco com manchas pretas, olhos verdes, carinha afunilada e a ponta do nariz preta. Deve estar um pouco assustado, se adaptando à nova casa. Vai ser duro conseguir me controlar e não ir visitá-lo todos os dias! Meu novo vizinho é o gatinho que o Gabe e a Mari adotaram ontem no Petco!
Depois de uma semana imersa no Blues do senhor Martin Scorsese fiquei com o formigamento de ouvir música e dançar. Fomos à um bar em West Sacramento, onde uma cantora de Blues chamada Angila Witherspoon iria se apresentar. Fiquei toda animada. Eu sei que West Sacramento é um lugarzinho meio barra pesada, mas pelo Blues eu me enfio até nas cavernas dos infernos.
O lugar era um típico bar de blue collar. Estava bem vazio e nós estavamos destoando do ambiente. A banda tocava, três sets de tevê mostravam noticiário esportivo, algumas pessoas jogavam sinuca em duas mesas logo na entrada, um casal desengonçado dançava e o resto do pessoal se aboletava no bar. Fomos pedir cerveja e vinho e levamos uma checada da cabeça aos pés – quem serão essas fulanas tão arrumadas e perfumadas? O vinho tinto estava avinagrado, porque em bar desse tipo ninguém bebe vinho. A opção foi um zinfandel rosé que estava lá encalhado….
O Blues era de primeira qualidade e a voz da cantora me lembrou a Janis Joplin. Mas não dava pra ficar lá…. Resolvemos ir para um pub em Folsom, que já conhecíamos. Quando saíamos, um grupo instalava um globo de luz estroboscópica na porta de entrada do bar. O problema ali era a localização. E talvez o dia, uma sexta-feira. Acredito que aos sábados a clientela aumente.
No Power House em Folsom não tinha Blues. A banda da noite era um cover de sucessos dos anos 80 e a casa estava abarrotada. Mal dava pra andar ou ao menos dançar. Tentamos vários cantos, até acharmos um onde pudemos ver a banda e dançar sem sermos pisoteados. No Power House tem sempre gente de todas as faixas etárias, mas os trintões e quarentões predominam. Fomos tomar um ar no páteo no intervalo e obviamente que tivemos que atrair um chatonildo bebum, que ficou intrigado com o nosso português e fez um papel de ridículo na nossa frente. Eu acabei dando uma risada, que ele viu e disse “i totally fucked this up… sorry!”. O cara estava mais do que bêbado. Nos deu um cartão de visita e ficou repetindo “brazzzillllll, braazzilllll……”. Afe! No Power House sempre acontece dessas, embora seja sempre divertido.
No fim, invés de dançar o Blues que eu tanto queria, acabamos dançando Duran Duran, Talking Heads, The Go-Gos, Prince, AC/DC e até Queen…..! Dançarei Blues na próxima.
Pagar conta é uma tortura. Pagar tuition e classes da universidade é um pouco pior. Eu saio com um sentimento de desgaste, um baixo astral financeiro. Sempre penso no que poderia comprar pra minha casa com esse dinheiro. Já poderia ter mobiliado e decorado tudo bonitinho com o que já gastei com escola. E não me digam que dinheiro investido em educação é bem aplicado, que eu vou ter um ataque dos nervos aqui e agora! Eu venho gastando milhares de mangos há anos – e com certeza sou uma mulher estudada, culta e cheia das experiências. Mas até aí, nada….
Paguei a classe, comprei trê livros, três readers e nem vou dizer quanto foi o rombo. Não precisa ser um gênio pra sacar que estou nadando nessa praia à contragosto, né?