resumo da ópera

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Da janela do meu quarto eu vi o rato indo para a horta! Ele é gigante! Fui correndo pro quintal carregando a caixa de treco-mata-rato debaixo do braço, berrando profanidades, chutando a grama, enojada da vida. Lá eu vi que o rato ou os ratos, já fizeram a festa com as iscas. Li na caixa que precisa esperar de três a cinco dias, para o negócio fazer efeito. Como não é veneno, não fulmina instantaneamente. As ratazanas vão comer a isca e ficar letárgicas, caindo em coma lentamente [espero que façam isso no quintal do vizinho e não aqui…].
Acharam a mala do Ursão. Finalmente! Ele me ligou umas quatro vezes do celular ontem. Uma vez só pra eu ouvir o hino Oh-Canada, que estava tocando numa rua em Ottawa por causa de um feriado.
Caí na gargalhada dentro do chuveiro, quando vi pelo vidro dois gatos pulando pelo quarto. Um deles quer porque quer brincar. O outro não quer saber de nada, mas até já perdeu umas graminhas do seu peso-pesado tentando se defender das tentativas de brincadeiras. Depois fui brindada por mais uma visão: um gato deitado dentro da pia do banheiro, como se estivesse num berço…. Bichos são o melhor remédio pra qualquer tipo de estresse. Eu recomendo!
Ando tendo recaídas de procrastinação, defeitinho de caráter que eu achava já ter dominado. Como é duro……
Devo telefonemas, cartas, mensagens, visitas. Não sei quando pago.
Preciso sair, mas não quero.

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mal me quer, bem me quer

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Eu adoro escrever. Mas ao mesmo tempo odeio escrever, porque nem sempre escrevo como quero, como gosto, da maneira que considero perfeita. Invejo os bons escribas. Invejo os criadores de histórias, pois eu não sei escrever ficção. Só sei relatar o que vi ou vivi. E acho isso péssimo. Minha escrita é fotográfica, polaróide sem retoques.
Lembro de uma redação que escrevi no primário e que arrancou elogios e ganhou uma nota alta. Foi uma surpresa, pois na redação eu simplesmente relatava um sonho. Não foi inventado, foi realmente sonhado. Qual a graça de ganhar um dez só porque você contou um sonho? Desde então foi sempre assim.

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rats!

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Minha colheita de cherry tomatoes está a todo vapor. Todos os dias eu colho dezenas de tomatinhos vermelhos ou quase vermelhos. Mas meus tão esperados heirloom tomatoes estão sendo devorados ainda verdes por alguma entidade que eu não estava sabendo indentificar. Achei que fossem os tatu-bolinhas. Depois achei que fossem lagartas verdes. Busquei cuidadosamente pelas pestes misteriosas, que a cada dia devoravam mais e mais tomates. E comiam tão rapidamente que só poderiam ser um bando de alguma coisa com bocas bem grandes e apetites vorazes. Hoje fiquei louca da vida quando vi três tomatões que eu quase colhi no sábado, verde mesmo, praticamente destruídos, pedaços caindo, as sementes expostas. Fiquei tão irritada que cortei o galho com os tomates comidos, coloquei tudo num saco plástico e fui até o ACE pedir ajuda.
—você tem idéia do que estaria comendo esses meus tomates?
—ah, isso é rato!
—RATO?????????????????????!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
—sim!
—não poderia ser um gopher?
—não, esse tipo de mordida é típica de ratos.
Conversei um tempão com o senhor que me atendeu e me explicou mil coisas. Parece que os ratos têm uma atração especial por tomates. E estão promovendo um banquete na minha horta! Comprei uma isca para matar os ratos sem perigo para os humanos ou animais e coloquei em lugares estratégicos. Desliguei a irrigação e agora vou esperar pra ver se acho algum desses bichos escrotos morto…..
Com certeza estou recebendo esses visitantes não bem-vindos do Arboretum. Aqueles que estão engordando graças aos alimentadores de patos. Fiquei enojada! E revoltada! Por que justamente os meus tomates especiais?

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se fosse um cão, seu nome seria snoopy…

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Que comportamento poderíamos esperar de um gato que está sempre com poeira ou teia de aranha nos bigodes e que dá bote até nos raios de luz do sol?
Quando o cara do pest control chegou, tive que avisá-lo: cuidado com a porta, pois eu tenho dois gatos que não podem sair na rua de jeito nenhum.
Um gato correu se esconder quando ouviu a voz estranha, os passos e o barulho. O outro gato [guess who?] correu na direção oposta do primeiro gato, se expondo, bem exibido, indo atrás do cara, cheirando e xeretando tudo, entrando nos armários abertos e querendo olhar tudo. Tive que removê-lo fisicamente dos locais que estavam sendo dedetizados, porque ele não tem receio de nada.
As diferenças entre as personalidades dos gatos se manifestam o tempo todo, nas mais diversas situações. É divertido e interessante observar!

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sem lenço e sem documento

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O que mais poderia acontecer? Perder as malas, é claro! O Ursão chegou em Ottawa, mas a sua mala não! A companhia aérea perdeu a dita e até ontem à noite ainda não a tinha localizado. Então o coitado ficou com a roupa do corpo, a mala de mão e $50 dado pelos incompetentes, para ele comprar uma camiseta, escova de dentes. E hoje às 6:30 da manhã ele já tinha uma reunião, pois é ‘chair’ da conferência. Vai ter que ir de camiseta e calça jeans!
Eu tenho verdadeiro horror que isso aconteça comigo, então sempre que viajo de avião, ponho tudo o que necessito [troca de roupa, coisas de banheiro, etc] na minha mala de mão. Coisas importantes nunca vão na mala grande que é despachada. Já pensou ficar nessa confa, só com a roupa do corpo? Coitado do Urso. Por essa ele não esperava……

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sempre a mesma história

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No verão são as viagens. Visitas, conferências, testes de campo. Piores são as viagens internacionais. Pra mim é uma grande tortura, porque eu fico observando a confusão, sem poder fazer absolutamente nada pra ajudar. Muitas vezes eu acho que é pura desorganização, mas a verdade é que ele tem muitas tarefas e responsabilidades, coisa pra uma equipe e não para apenas um Urso.
Eu o aconselhei a arrumar a mala antes de ir pra universidade para ‘imprimir umas coisas’, porque assim se algo falhasse [e não falha sempre?] ao menos a roupa já estaria na mala. Mas não, ele nunca me escuta. Foi imprimir o sei-lá-o-que às 7pm e chegou às 2am. Ainda foi arrumar a mala, tomar banho. O shuttle para levá-lo ao aeroporto em San Francisco passou às 3:30am. Ele deitou e deve ter dormido por uma hora. Nem tive ânimo de ficar brava, pois toda vez que ele viaja, ele vai assim, sem dormir direito ou sem dormir nada. Não tô exagerando não, é TODA vez mesmo. Deve dormir no shuttle, no avião, tirar uma soneca quando chega no hotel, ele se vira. E não reclama. É o super-Urso! Eu que sou uma reles habitante de Metropolis e que me canso e preciso dormir como qualquer ser humano normal, fico simplesmente abismada!

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aromas

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Lá pelo ano de 1994, minha mãe chegou no Canadá para nos visitar carregando mil presentinhos. Uma das coisas que ela trouxe foi um difusor de aromaterapia de barro, feito a mão. O treco em si já era uma obra de arte. Mas além de lindo, era útil: você punha agüinha no compartimento [removível, very clever!] de cima, pingava umas gotinhas de óleo essencial na água, acendia uma velinha que ficava no compartimento de baixo e voalá, o mundo ficava todo cheiroso, o humor melhorava, a vida ficava cheia de cores e passarinhos cantando!
Exageros à parte, fiquei fã da aromaterapia. Usei muito, por muitos anos. Com difusor ou argolas de barro, que eu punha nas lâmpadas dos abajures ou quadradinhos de cerâmica, que eu deixava em lugares estratégicos. Ainda tenho vidrinhos de óleos essenciais da Flor Amazon, que trouxe do Brasil comigo em 1999.
Parei de usar a aromateapia sei-lá-por-que. São coisas que acontecem, sem que se planeje. Fui parando ou parei de vez, não sei. Mas na semana passada recebi um pacote pelo correio. Abri, toda feliz, pra encontrar lá dentro um difusor lindíssimo, óleos essenciais e velas! Eu tenho amigas queridíssimas!!!
O difusor, infelizmente, chegou quebrado. Mas eu colei, com pistola quente e voltei à onda aromaterapeutica! Lárálá! Que delícia! Lavanda, Flor de Laranjeira, Mirra, Ylang-Ylang. Esses são os cheiros do momento aqui em casa!

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convivendo

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Ontem eu juntei banheiros e áreas de comida dos gatos. Estava tudo separado e conseqüentemente, uma bagunça. Roux é zoneiro! Fazia uma sujeirada na laundry, onde ficava os dois banheiros – e o dele aberto. E na área de comida estava uma confusão. Decidi que era hora de juntar tudo. O Misty é um senhor educado, um gentleman. Ele come um pouquinho da sua comida especial de lata pela manhã, vai tomar um solzinho, se lavar, volta e come mais um pouquinho, tudo na maior fineza, sem fazer barulho, sem derrubar comida no tapete. O Roux é um fulaninho, come de boca aberta fazendo a maior barulheira, deixa cair comida por toda parte, devora tudo até ver o fundo do pote como um esganado. Diferenças notáveis de personalidade. Mas apesar do caráter sisudo do Misty, ele já está começando a ceder às investidas amigáveis do Roux. Eles já se dão patadinhas, meio que se enroscam, se cheiram, só ainda não dividem o mesmo espaço, o que é a intenção do Roux. Ele quer ficar com o Misty, dormir junto, coisa de companheiro gato. Mas o Misty ainda não permite tanta aproximação. Estou contente que em apenas uma semana já alcançamos uma harmonia razoável. Só estou um pouco preocupada com as minhas coisas, pois um copo já foi quebrado nas xeretações e vira e mexe eu vejo uns tipos trepados em lugares que não devem. Ah, mas a vida do Misty já está muito mais ativa, nem dá pra comparar com a sua vida tediosa e monótona, antes da chegada do atrevidinho Roux.

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que folga
[que folga…]

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57

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Nosso governador, Arnaldão Schwarzenegger, faz 57 anos hoje e o jornal da capital da Califórnia, o Sacramento Bee, publicou um artigo engraçadinho dos cinqüenta e sete possíveis presentes para o governator, neste festivo trinta de julho. A quinqüagésima sétima opção são doces de uma confeitaria austríaca daqui de Davis [que não é a minha favorita].

“The Konditorei Austrian Pastry Cafe in Davis could make any of a number of traditional pastries from the governor’s native country to warm his heart. A little Krapfen (deep-fried dough filled with apricot marmalade or custard) or Paratschinken (crepes filled with fruit); or a Malakoff torte (with lady fingers dipped in rum; not to be mistaken for a Molotov torte, which has a lighted fuse in it).”

Deve ser muito fácil fazer humor com uma figura como o Arnaldão. Mas essa llistinha do Sac Bee deixou um pouco a desejar.

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o passado não condena