li na revista…

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“My darling girl, when are you going to understand that normal isn’t a virtue? It rather denotes a lack of courage.”
Stockard Channing as Frances Owes in Pratical Magic

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não reparou em nada?

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o quê? cortou o cabelo? tingiu? trocou a armação dos óculos? está de lente? plantou batatas? depilou as pernas? emagreceu? engordou? fez as unhas? andou quinhentas milhas? tomou sol? fez implante? teve uma epifania? desertou? tomou todas? fumou um? ganhou na loto? comprou roupas novas? pisou no tomate? dançou? mudou de religião? adotou um guru? amarelou? dormiu de touca? aprendeu a andar de bicicleta? comeu beterraba? o quê? o quê????

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sambalêlê

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O problema não é falta de tempo e sim excesso de tarefas. Eu não navego mais pela internet, leio blogs pelo feedreader pra poupar tempo, atraso minha correspondência, me sinto um tanto frustrada pois não consigo mais ler um livro, nem mesmo fazer a tal sacola de plástico reciclado de crochê imitada da Rosa…. Se gasto mais tempo do que deveria aqui, escrevendo ou colocando fotos no Multiply, já me dá uma agonia. Quero nadar, quero tricotar, cozinhar. Cuido de tudo na casa e quando digo tudo, é tudo mesmo. Só não corto a grama, passo aspirador e lavo o carro, pois essas são tarefas do Ursão. Senão ele fica pensando que é fácil….
Agora no meu trabalho tenho tempo de ler coisas técnicas, que eu nunca teria a paciência de ler aqui em casa. Eu fico quatro horas numa sala, sozinha ou acompanhada do meu silencioso chefe, que programa e de vez em quando atende um professor cujo computador não conecta. Eu tenho lido muita coisa de cascading style sheet, que é um elemento de webdesign realmente fascinante!
Quando volto pra casa tem tanta coisa pra fazer. Comida, compras. Vou por partes na limpeza, mas percebi que quando termino de limpar uma parte da casa, a outra já está suja de novo. E ainda tem o quintal, a horta e o jardim! Gasto um tempo escrevendo aqui e acolá. Quando não vou nadar sobra tempo. Comecei uma touca de tricô usando uma agulha circular. Fiz echarpes pra dar de presente pras lindocas de Londres. Tento ver filmes na tevê à noite. E nem sempre durmo como uma pedra.

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swimming with Lucille

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Aconteceu de novo! Como a raia onde eu sempre nado já tinha quatro pessoas [e todas tão lesma-lerdas quanto eu], entrei na raia ao lado, onde só tinha um cara e uma menina. Não deu outra: uns minutos de nado livre e o cara já veio me perguntar qual era a minha velocidade. Quando eu respondi ‘bem devagar’, ele sugeriu sem meias palavras que eu passasse pra outra raia, onde estavam as quatro outras fulanas. Eu sempre respondo ‘não se preocupe comigo, pode me passar’ e tal. Mas os dois eram muito mais rápidos do que eu e me deram um baita estresse. Além do esforço de nadar em si, ainda me deu aquela agonia de pensar que eles iriam me alcançar. Fiquei tensa, tentando manter distância e deixando eles me passarem. Chegou uma hora que me deu um desânimo, pois eu nem estava aproveitando o exercício e a minha horinha de relaxamento na água. E não via uma saída pra situação: as raias pra cá eram pros nadadores mais rápidões e as de lá eram pros seniors. As únicas raias plausíveis eram a onde eu já estava, com os nadadores olímpicos e a raia ao lado, com as quatro figuras bafolejantes. Pedi socorro ao coach, que sem ao menos piscar me mandou pra raia dos seniors. ‘Vai naquela onde só tem uma pessoa’. Eu fui. Entrei na água com a maior cara de patza e com todos me encarando. Mas quando vi quem era a pessoa com quem iria dividir a raia abri um sorriso. Era a senhora de 94 anos, por quem eu tenho a maior admiração. O nome dela é Lucille!
Nadei feliz na raia dos seniors, acompanhada pela Lucille, que me fez sentir uma sereia. Deixei pra lá o orgulho ferido de ter sido transferida pro lado dos velhinhos, respirei aliviada por não precisar mais me preocupar com gente chata e competitiva e nadei, nadei, nadei, fazendo muitas bolhinhas de risada na água, afinal de contas não é qualquer um que consegue a façanha de decair tão rápidamente, da raia dos lentos para a raia dos seniors, e ainda merecer o privilégio de nadar com a Lucille.

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eat a peach! [the sequel]

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eatpeach

eatpeach

>> os pêssegos das árvores do projeto do Ursão. ganhei um saco, que vai virar geléia! eles são pequenos, mas têm um sabor fortíssimo. e o cheiro….. hummm, é inebriante!

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memória olímpica

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Eu não ligo pra esportes. Na verdade, me aborreço e me irrito com competições em geral. Então é compreensível que eu não esteja nem aí pra campeonatos, copas e até para o buxixo da hora, as olimpíadas. Mas apesar disso, eu tenho algumas memórias relacionadas a este popular evento esportivo.
A primeira memória foi nas olimpíadas de 1992, quando eu estava desmontando a minha casa para me mudar para o Canadá e tenho uma cena gravada tão nítidamente na minha cabeça, que posso quase sentir o cheiro, o friozinho da época, o excitamento e o medo com relação ao nosso futuro. Eu estava deitada num colchão na sala vazia do meu apartamento em Piracicaba, lendo um livro e ouvindo sem prestar muita atenção um jogo de volei do Brasil numa televisãozinha em preto & branco. Eu estava matando o tempo e esperando o Ursão chegar para finalmente socar as últimas coisas no carro e irmos pra casa dos meus pais em Campinas, de onde sairíamos para a nossa aventura estrangeira sem volta.
A segunda memória é das olimpíadas de 2000. Eu tinha decidido, num daqueles meus impulsos inexplicáveis, ficar com a gata da minha amiga que estava se mudando para Palo Alto e não tinha achado alguém que quisesse o animal. Ela estava quase indo ao SPCA quando eu topei com ela nas minhas caminhadas diárias. A gata tinha um nome horrível e eu quis mudar. Mas que nome dar para ela? Pensa daqui, pensa dali e foi então que eu ouvi na tevê a notícia sobre a nadadora americana Misty Hyman vencendo a australiana Susie O’Neill, que era a favoritíssima na competição nos 200 metros de Borboleta. Foi um choque mundial, os australianos de rabinho entre as pernas e a Misty super na dela, modesta, singela e vencedora. Quietinha, levou todas! É a Misty, pensei! Juntei o nome da nadadora com o sobrenome de uma das cantoras que eu mais gosto, Macy Gray, e batizei a gata: Misty Gray. Depois descobrimos que a gata era gato numa longa e atrapalhada história. Mudou o sexo, mas o nome ficou.

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manhã nublada

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Dormimos muito. E acordamos para um dia nublado, o que não é comum no nosso verão do vale central californiano. Estou com um roxo no pé direito e dores generalizadas pelo corpo. Concluí que devo ser uma péssima jardineira, pois não estou tão velha assim pra ficar tão podre depois de cuidar de um jardim e de uma horta.
Tudo começou com um dia lindo de sábado, com temperaturas tão agradáveis que pudemos até aproveitar o quintal, para almoçar, tomar sorvete com berries, ler revistas, olhar as flores. Até o Misty deu uma saidinha. Me entusiasmei e resolvi podar as roseiras do jardim da frente, que estavam descuidadas, com rosas secas por todo lado. Eu aprendi que quanto mais a gente poda, mais essas plantas crescem e dão flores. Fui lá e mandei bala. Ficou tudo lindo. Como já estava no pique, resolvi também dar um jeito na horta, que ficara abandonada depois do episódio do rato. Até achei o buraco que o meliante fez pra passar por baixo da cerca que divide a minha casa com a do vizinho da esquerda. Foi aí que entendi os pés de tomates que vi jogados no meio fio, um tempo atrás, na frente da casa desse vizinho. O rato fez o estrago primeiro lá! Depois cavou o buraco e veio destruir os meus tomateiros!
Bom, podei TUDO! Sem pena e sem dó, arranquei todos os galhos estranhos, deixei só os galhos com folhinhas novas. A área dos tomates ficou limpa, impressionante. Agora só me resta torcer pros tomateiros tomarem força novamente. E pensar que eu estava tão contente com a minha colheita abundante… Também revolvi a terra numa das beds que está vazia – preciso plantar algo lá – e tirei os matos que cresciam por todos os cantos. Minha horta não é grande. É um cercado, com três beds para plantação e pouquíssimo espaço entre as beds. É muito difícil trabalhar lá, principalmente agachada. Por isso eu fiquei podre, com dores nas costas, no corpo, pé roxo, que devo ter batido em algum canto.
Um dia nublado de verão vai dar mais canja pro quintal. Tivemos uma semana de calor intenso e um dia como este precisa ser aproveitado ao máximo. Licençinha então e tchau!

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and the world goes round´n`round

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Arquivos, ler ou não ler? Quando eu caio na tentação de ler, percebo [muitas vezes tristemente] que minha vida segue um determinado padrão. Três anos atrás eu escrevi algo que poderia ter escrito hoje! Parece brincadeira…..

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August 21, 2001 – a brand new day
Breezy with sunshine – Hi 78° F/25° C
[what a beautiful morning!]
Eu ando em ‘ignore mode’ pra um monte de gente. Acho que isso ajuda você a não se importar muito com tanta atitude esdrúxula com que se topa por aí. Gente que não liga [apesar das tarifas de 0,06 centavos!], que não escreve [apesar de ter internet e computador mofando em casa], que recebe presentes de você no aniversário dos filhos deles e não escreve um bilhete no aniversário do seu filho, gente que só te procura quando quer ou precisa de coisas, gente que nunca tem tempo pra um minutinho de papo, gente que só olha você pra criticar, gente que te conhece e lê seu blog escondido e nunca te escreve dizendo ‘estou te lendo!’, gente que não manda fotos, gente que finge que você não existe mais, só porque saiu do raio de cem quilômetros de distância da vida deles, gente que enche o saco com histórias que não te dizem respeito. Ah, cansei MESMO!
Eu gosto mesmo é de gente como o meu Ursão e o meu ursinho! Gente legal, que tem aquele jeitinho singelo, que é carinhoso, atencioso, delicado….. Hoje eu sonhei com um monte de ursos gigantes, desses tipo marrom quase preto. Eles queriam entrar na casa onde estávamos. Não lembro os detalhes do sonho, mas lembro dos ursos e de como eu estava curiosa pra saber o que eles estavam fazendo ali e queria chegar mais perto deles, olhar o que eles estavam fazendo, onde estavam indo.
Uma cena que não foi sonho: eu no topo da escada, agachada alisando o pêlo do Misty Gray e o Ursão de pé um degrau abaixo, acarinhando o meu cabelo. Se tivesse jeito de ter tirado uma foto dessa cena, teria sido precioso!! 🙂
Van Morrison é um cara que eu não canso de ouvir….
we were born before the wind
also younger than the sun…….

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Não quero ser pessimista e concluir que erro sempre, sendo exigente demais nos meus relacionamentos. A verdade é que tenho essa persistente e desagradável tendência crônica para permitir abusos. Depois chuto latas, irritada. Mas está errado querer um pouco de atenção, gentileza e delicadeza? Menos mentira, menos oportunismo, menos descaso, menos arrogância, menos sabe-tudice, menos cara-de-pau?

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o passado não condena