in the city

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Almoçamos com a Reidun em Novato, que depois nos levou para San Francisco. Foi legal entrar na cidade pela Golden Gate [porque nós normalmente entramos pela I80, que dá na Bay Bridge]. Estava chovendo. Acho que foi a primeira vez que eu peguei chuvarada em the city, desde que cheguei aqui. Foi aquele drama pra estacionar o carro, mas conseguimos um lugar não muito caro e fomos caminhando até o MOMA. Eu queria mesmo ir à Galeria Ansel Adams, mas quando chegamos lá o lugar tinha virado Cartoon Art Museum [com uma exposição do Calvin & Hobbes]. O MOMA tinha a exposição permanente, que já vimos mil e uma vezes, mas que é sempre bom ver de novo. Eu lembrei do ataque de riso que eu e a Eli tivemos em frente a um quadro interessantíssimo do Robert Rauschenberg, que eu só não consegui lembrar o motivo! Nas exposições novas, uma sobre arquitetura me deixou morta de tédio, outra dedicada à uma artista plástica chamada Eva Hesse, que eu realmente não gostei. Mas a viagem valeu á pena pela exposição de fotografias! Duas: uma com fotos antigas e shots de diversos fotografos famosos [vi pela primeira vez cara-a-cara uma Dorothea Lange!!], como Henri Cartie-Bresson, Robert H. Cumming, Robert Frank [de quem eu já era fã] e mais Ansel Adams, que é sempre uma delicia de ver. Depois uma outra exposição somente sobre o fotógrafo americano Edward Weston, que eu simplesmente amei e tive que comprar um livro com as fotos dele na lojinha do museu, na saída. Fotos de Point Lobos, detalhes da natureza, que são puras obras de arte, em preto & branco. Voltamos pra Novato depois do MOMA e depois de um papo rápido no jardim, rumamos de volta para casa, em Davis. O passeio foi o menos importante, pois o ponto central dessa viagem foi o encontro da minha mãe com a Reidun.

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The Gospel Experience

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Acordamos às 9:30am pensando que eram 8:30am, porque esquecemos de adiantar os relógios antes de irmos dormir. Eu fiz um American breakfast para a minha mãe – scrambled eggs & bacon [e café, suco de laranja, muffins, waffles, queijo, marmelade e pão sourdough, que é típico desta região]. E fomos correndo para Carmichael, onde tinha um concerto de um quarteto de Gospel numa igreja. Chegamos lá super atrasados e – choque! – era uma igreja de brancos e o quarteto era uma coisa patética, com quatro figuras saídas de um filme do Frank Avalon, vestidos de blasers brilhosos e coloridos e com óculos escuros. Eles cantavam o Gospel imitando baladas da década de 60! Foi o tempo de entrar, sentar, ver os bananas cantando rimadinhos iu-a-ru-tchu-ru-iu e sair correndo, horrorizados. Eu disse pra minha mãe que em igreja de brancos não dava pra ela conhecer o Gospel. E não dá mesmo! Quando eu vi aquele bando de branquelos, me senti decepcionada e frustrada. Mas já que estávamos ali, resolvemos então tentar a igreja de New Highlands que fica mais ou menos perto e onde já tínhamos ido ouvir o Gospel umas três vezes. Uma igreja de negros, é claro! Arriscamos, apesar do horário, pois mesmo que pegássemos só o final do serviço, poderiamos perguntar se eles tinham algo durante a semana. Quando chegamos, vimos o pastor entrando. O serviço tinha acabado de começar. Praise the Lord! Minha mãe conseguir ouvir o Gospel! Um autêntico, não aquela imitação barata da igreja branquela de Carmichael.
Foi a primeira vez que eu participei de um serviço da igreja de New Highlands. Nós chegamos na hora da comunhão, que é no inicio. Os homens vestidos de terno azul, com luvas brancas, passavam pratos dourados com hóstias e bandejas com pequenos cálices de vinho. Quem queria comungar pegava a hóstia e o vinho e esperava, pra se fazer a comunhão todos juntos. Nessa hora eu e a minha mãe já estávamos chorando. Toda vez que eu ouço o Gospel meus olhos choram sózinhos. Eu não posso evitar. A música estava linda e todos na igreja vestiam suas roupas de domingo. Mulheres elegantérrimas de chapéu. Todos muito gentis. Eu morrendo de vergonha, porque sempre me acho uma bicona cara-de-pau, por ser branca e aparecer na igreja dos negros só por causa do Gospel. Numa parte da cerimônia eles saudaram os visitantes e pediram para todos os novos na igreja se levantarem. Minha mãe ficou de pé. Eles passaram microfones para todos os visitantes dizerem de onde eram e como tinham chego ali. Eu livrei minha mãe dizendo com um sorriso amarelo ‘she doesn’t speak english…’. ufa! Mas nossa vizinha de banco no final pegou nas mãos da minha mãe e disse que esperava vê-la lá no próximo domingo. Nós sempre nos sentimos bem-vindos, mesmo não pertencendo à comunidade e ainda por cima sendo brancos. Minha mãe adorou e ficou emocionada, como eu sempre fico. Eu não podia deixar de inicia-la no Blues e no Gospel, né? E fui logo fazendo tudo bem rápidinho, neste final de semana!!

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daylight saving time

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Entramos no ‘daylight saving time’ e adiantamos os relógios uma hora. Então estamos com apenas quatro horas de diferença com o Brasil. Fica mais fácil falar com amigos e família pelo telefone, mas eu detesto ter luz do dia até oito horas da noite….

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mama mia!

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Pausa na paparicação maternal para as novidades:
Mãe de peixe – ontem minha mãe conheceu o Blues e ADOROU! Claro! Um show no The Palms com o Joe Louis Walker e sua banda The Boss Talkers. Eu já vi dois shows do Walker e ele está cada vez melhor. Ele é um bluesman da Bay Area. Nos rebolamos na cadeira do Palms – que é uma cabana – até as 11:30pm!
Hoje um churrasco com amigos. Bebemos vinho branco gelado da Mondavi. Estava tudo uma delícia, inclusive o papo. A famílhoca inteira compareceu: mãe, pai, filho, namorada, avó! Só faltou o gato.
Mas que safado esse gato! Mordeu minha mãe no braço direito. E mordeu feio. Eu tinha avisado que ele tem esse negócio, de quando a mão que acaricia vem de frente ele pensa que é algum bicho que ele deve atacar. Algum trauma de infância, sei lá. Pois eu avisei minha mãe, mas não adiantou e agora ela vai levar pro Brasil de lembrança três arranhões grandões. Compramos uma caixa jumbo de band-aids. O Ursão já está com pratica de fazer curativos….
Amanhã vamos ouvir o Gospel de manhã e depois tem MACARRONADA!! O molho de tomates – vermelhihos e fresquinhos – já está no fogo! E as porpetas também. Yamis!

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revival

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Teve show do Paul MaCartney em Oakland nessa semana. O crítico do Sac Bee disse que foi dez! Por esses dias tem outro show do Crosby, Stills, Nash and Young [AND Young – isso é que faz a diferença!] em Sacramento. Em Junho, show do The Who em Sac também. Ainda tem tickets. Mas eu queria era mesmo ver uma reunião do Led Zeppelin! Será que rola?

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Mellow Mahal

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Pra compensar a confusão dramática do sábado à tarde, conseguimos chegar em casa à tempo para um banho e pegar a I80 até Sacramento e ver o show do Taj Mahal. De dedão ‘positivo’ e sem jantar, fomos ver o bluesman, porque precisávamos espairecer. Eu queria ter chego mais cedo e pego um lugar melhor, nas fileiras de baixo do teatro – um dos cinco mais bonitos de todo os EUA, o maravilhoso The Crest. Mas só um show no The Crest [que é um cinema da década de 40, pra quem não sabe] já é entretenimento. E eu estava ansiosa pra ver o Taj ao vivo.
Chegamos uns quinze minutos antes do show começar e enquanto davamos uma olhada geral pelo teatro, pra ver onde iríamos achar um lugar, vimos o Les e a Fran acenando, direto das cadeiras do meio, da parte alta do teatro. Fomos sentar lá com eles [e explicar o atraso e o dedão enfaixado!].
Estranhamos que não tinha quase nada no palco. Só um piano e um amplificador para guitarra. A Fran contou que tinha visto o Taj Mahal dando um show solo na década de 70, em New York. Mas foi porque deu um blizzard e a banda não conseguiu chegar a tempo no local. Mas pelo jeito da coisa ali no palco do The Crest, estava com cara que o Taj iria pisar no palco sózinho. E assim foi.
Mas o homem é um show! Tocou três números no piano – um sobre mulheres ‘gordas e sexy’ que fez todo mundo se chacoalhar e cantar o refrão animados. Depois plugou a guitarra acústica no amplificador e tocou ali, de pé, maravilhosamente por quase duas horas. Tocou de tudo, na maioria clássicos do Blues. Fez até um Robert Johnson – Come On In My Kitchen – que não deixou nada a desejar ao mestre.
Taj Mahal é um guitarrista excepcional. É tão suave e melodioso no dedilhado da guitarra e na maneira de cantar, que você embarca numa viagem astral em cada música. Ele canta gostoso, toca gostoso, conversa com a platéia, conta causos, fala da ‘linguagem universal da música’ que tranpassa barreiras de línguas e culturas e nos pede para apoiar essa música orgânica e pura, que não toca nas rádios, mas consegue nos envolver tão apaixonadamente. Eu adorei ver Taj Mahal ao vivo e ele foi o melhor remédio que eu recebi naquele sábado. Um analgésico potente para o meu dedão latejante!

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afreakyaccident

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Cozinha é um local perigoso. Um prato de cerâmica encardido de queijo derretido, água e uma esponja. Numa fração de segundos o prato quebrou, a carne se dilacerou, o sangue jorrou em bicas e lá fui eu correndo pro ER do Sutter Hospital, em Davis.Na triagem a enfermeira diz “você vai sobreviver, mas vamos ter que te costurar um pouquinho”. A pressão, que já estava baixa caiu de vez. Fui pra uma cadeira de rodas, porque não se podia correr o risco de um desmaio súbito e mais danos – desta vez pelo resultado de cair de cara no chão.
Primeiro faz a papelada. No meio do ‘nome-sobrenome-endereço’ me deram a lata de lixo pra vomitar. Tive de tudo: tonteiras, quase-desmaios, vômitos e até um peido desinibido, tal o nervoso de ver tanto sangue. O atendente, afetadíssimo, que escrevia meus dados num computador pergunta “você nasceu na Califórnia ou no México?”. Eu levanto a cara da lata de lixo e limpando a baba de vômito respondo com visível desdém “eu nasci no Brasil…”. Só fui melhorar dos enjôos e das tonturas quando uma senhora, voluntária, veio conversar comigo e perguntar o que tinha acontecido. “Me cortei num ‘freaking accident’ lavando um prato…”. Ela diz que já viu isso acontecer antes, só que com um copo.
Depois de duas horas entro na sala para ser costurada. Estou tremendo de frio. O ajudante de enfermeiro – chamado Patrick e com cara de estar muito puto por estar trabalhando num sábado – me colocou um roupão e me cobriu as costas com uma manta. Me fez perguntas como “você já foi vacinada contra tétano?”.
Mais um tempão esperando e entra o médico – a cara e a voz do Sam Elliott!!! Que sorte! Me espinetou com a injeção de anestesia, fez as costuras, eu reclamei que tava doendo, owch! Ele deu mais uma espinetada, disse que estava sangrando muito, deu as instruções gerais e disse com aquela voz de hollywood que a enfermeira viria limpar a bagunça.
A enfermeira me fez sangrar e quase desmaiar de novo. Ela chamou o Dr. Sam Elliott, que veio dizer novamente com aquela vozona de cinema que estava tudo bem. O Ursão disse “nós ainda temos que ir a um show hoje à noite…” e ela nem respondeu, claro, pois o que ela tinha a ver com isso? Embolotou meu dedão num curativo horrorildo e me mandou embora. “você está okay!”. Ah é? Como você sabe?
Sabe quantas vezes eu repeti a mesma história – tava esfregando o prato sujo de queijo pra colocar na dishwasher e ele quebrou na minha mão? Ninguém imagina o que é passar três horas dentro de um hospital dando essa explicação pra todo mundo. E vou viver com isso por dez dias…. explicando tudo de novo pra amigos, conhecidos, família, colegas de trabalho e – imagine se não – as crianças!

owch!

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aw, noooo….

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Wonderful land of California!
Inacreditável, mas estamos com um calor de 82°F [28°C] em plena primavera. Já estou até antecipando o [GASP!] verão…. Peraí, vamos devagar, né? 50, 60, 70 [SETENTA] e daí 80. Como é ruim essa pulação – dos 60 pros 80 em três dias. Eu estou toda atrapalhada e confusa, pois meu closet ainda está abarrotado de blusas de lã e casacos. Hoje vou ter que dar uma geral na zona. E ontem não tinha nenhuma roupa decente pra vestir. Parece que eu tô brincando, né, já que no meu armário falta cabide pra tanta roupa, mas é verdade! Não tinha. Roupa de verão estraga, porque lava mais que roupa de inverno. Já reparou nisso? E você cansa. As do ano passado me deram um enjôo. Eu comprei três dessas blusinhas de linha de seda italiana da GAP, com gola rulê e mangas cavadas – uma amarelinha, uma listradinha e outra preto e branco. Usei até não poder mais e não posso mais mesmo! Preciso sair às compras…..
Sem falar que estou branca e pálida. Eu detesto essa época de transição – saindo do inverno e saltando para o [GASP!] verão………..

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o passado não condena