within You without You

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We were talking about the space between us all
And the people who hide themselves behind a wall of illusion
Never glimpse the truth
Then it’s far too late
When they pass away
We were talking about the love we all could share
When we find it, to try our best to hold it there with our love
With our love, we could save the world, if they only knew

Try to realise it’s all within yourself
No one else can make you change
And to see you’re really only very small
And life flows on within you and without you

We were talking about the love that’s gone so cold
And the people who gain the world and lose their soul
They don’t know
They can’t see
Are you one of them?

When you’ve seen beyond yourself then you may find
Peace of mind is waiting there
And the time will come when you see we’re all one
And life flows on within you and without you

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this bird has flown

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Me senti naquele meme da Renata Sorrah quando vi a foto da mãe do moço famoso que tem 37 anos e percebi que aquela era exatamente eu. Só que meu filho já tem 39, rumando pros 40. Todo dia tenho uma experiência assim, que me certifica que entrei numa nova dimensão da vida.

Acredito que vamos evoluindo e removendo camadas, já removi muitas, e estou removendo mais uma. Essa camada é a da finitude da juventude, o que inclui ver meus pais envelhecerem e morrerem. Esse é o ciclo natural, ver o tempo passar. O que fica difícil é ver pessoas que ainda não fecharam o ciclo partirem.

Então passo semanas imersas em coisas que tinha perdido de ver porque estava ocupada com outras coisas. O que estava acontecendo quando eu era criança, depois uma jovem adulta mãe, e nós anos intermediários quando só pensamos em nos encontrar, ser a pessoa que fomos destinados à ser.

Agora o meu horizonte está mais nítido, menos pensamentos distraídos e ruídos que te impedem de ver certas coisas, ou te fazem ver outras de modo exagerado.

Está chovendo muito e isso faz os californianos felizes, apesar que aqui parece que ninguém possui um guarda-chuva.

Fui à uma festinha domingo, confraternização dos vizinhos. E comecei a sentir sintomas estranhos. Fui imediatamente fazer um teste pro Covid, porque hoje não fico protelando nada. Só não faço mesmo o que não posso ou não consigo. Tenho certeza que peguei um bug de gripe, mas não quero ficar com nenhuma duvida.

Ainda não fiz as contas de quantos livros li este ano, mas estou mantendo o ritmo e foram muitos.

Em menos de duas horas entro em férias. \o/

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The Yosemite National Park

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Levamos 25 anos para chegar nesse parque. Não sei por que cargas d’água sempre que se falava dele era de como era difícil conseguir um lugar pra ficar, tinha que reservar com um ano de antecedência, no inverno fechava tudo, mil lendas urbanas que ouvimos sem questionar. Até que um dia [esse dia chega!] começamos a escutar as pessoas certas. E nem fui eu que escutou, mas a pessoa mais complicada para sair de férias da família: o meu marido.

Quando ele decidiu que tínhamos que visitar o Yosemite, a viagem saiu em menos de um mês. E não precisava de nada mesmo, só reservar o hotel, arrumar as malas e pegar a estrada. O parque fica um pouco longe pra nós, 4 horas de viagem, mas nem é tão ruim assim se pensar o quanto que já dirigimos pelas estradas da Califórnia.

A grande ilusão foi achar que íamos chegar lá no começo de dezembro, num ano de seca, e encontrar uma paisagem branca, com neve. Não sei por que achamos que iria ser um winterland e fomos super preparados. Quando entramos no parque e vimos tudo verde ficamos realmente decepcionados. Mas o Gabriel, que já esteve no parque inúmeras vezes previu––com neve ou sem neve, vocês vão adorar esse parque. E foi realmente o que aconteceu. O que precisávamos ter tido era mais tempo pra explorer mais as trilhas. Mas prometemos pra nós mesmos voltar assim que pudermos, até compramos um passe pra um ano.

Estar nesse parque, rodeados por sequoias ancestrais e gigantescas e por aquelas pedras monumentais, como o Half Dome e o El Capitan, desperta na gente um sentimento de como a nossa insignificância é infinita, perante a maravilha que é toda essa força da natureza.

Os avisos sobre os ursos são onipresentes no Yosemite. Caixas de metal anti-ursos pra gente guardar comida abundam no parque e eles avisam que não é pra entrar nas trilhas com comida, somente água. Porque qualquer cheiro atrai os animais. e daí quem se ferra são sempre eles, os bichos. Fomos fazer uma trilha de deixamos toda a comida que tínhamos no carro dentro de uma das caixas. O Uriel tinha um pedaço de chocolate no bolso, e colocou também dentro da caixa. La quase no final da trilha, bem no topo de uma montanha, no meio do território dos ursos, um casal comia um saco de batata frita sabor vinagre. O cheiro dessas batatas é uma desgraça. Fiquei com muita raiva e sinto muita tristeza vendo o ser humano agir assim, de maneira tão estúpida.

No Segundo dia lá paramos pra almoçar no hotel Ahwahnee, que parece um castelo em formato de cabana na floresta. Foi construído na década de 20 para hospedar gente com muito dinheiro. Partes desse hotel foram usadas como cenário para o filme do Stanley Kubrick, The Shining. O lugar é recheado de artefatos indígenas por todos os cantos e na gift shop muita coisa [réplicas made in china?] com o mesmo tema . Depois, só por curiosidade fomos pesquisar o significado do nome Yosemite e ficamos chocados com a história da matança indígena naquela região. As tribos que viviam lá foram aniquiladas. Não sobrou nada, nem ninguém. Só sobrou o hotel se aproveitando da cultura que eles exterminaram.

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escrevi uma vida

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Quanta coisa que escrevi aqui nos últimos anos. Se eu tivesse tido um bebê quando iniciei esse blog aos 39 anos, hoje aquela criança teria 21 anos, seria um adulto. Outro dia mergulhei um pouquinho nos arquivos deste blog, 2002—2007 e dei muita risada, relembrei de um monte de coisas que tinha esquecido. E como era ter 42 anos e estar perdida, sem profissão? Muita gente não entende meus comodismos, como aquela menina de 22 anos que perguntou espantada se eu estava há 15 anos na mesma posição, no mesmo emprego. Sim, estou––respondi calmamente, porque ela não sabe o quanto me custou chegar aqui. Tentei fazer muitas coisas e amo fazer o que faço agora. Na verdade, estacionei mas não parei.

Me tornei uma pessoa bem mais prática, muito mais organizada e infinitamente mais tranquila.

Só gostaria de ter mantido o senso de humor, porque eu era engraçada. Meio pateta, muito atrapalhada e às vezes equivocada, mas muito espirituosa e perspicaz pros detalhes divertidos da vida. Fiquei mais série. E talvez mais correta.

 

Hoje eu trabalho período integral em casa, e então nado sempre que posso. Nadei praticamente todos os dias no segundo e terceiro semestres da pandemia. Depois ficou tudo muito complicado, eu tinha que acordar à meia-noite pra me registrar e resolvi que não nadaria nos finais de semana. Quando não nado, eu faço caminhadas. Como ontem [que tive almoço com meu chefe a a amiga] e hoje [que teve três reuniões, back-to-back]. Nesta época do ano é uma delicia caminhar, porque a gente não fica suando e a paisagem está estonteantemente linda. O outono sempre foi minha estação do ano favorita aqui. Mas com o tempo aprendi a gostar de todas, até do longo e tórrido verão, que está cada vez mais longo e mais tórrido. Aprendi, antes tarde do que nunca, a apreciar a lado bom de tudo.

Com a pandemia acrescentei muito mais coisas na minha lista de afazeres. Outro dia o Uriel falou pra mim, ah, mas você não precisa fazer tanta coisa se isso tudo te cansa ou te estressa. É verdade. Mas estou numa vibração de tentar fazer tudo o que posso, porque a areia do tempo está escorrendo rápido e comecei a ver o que nunca tinha visto antes: a finitude. Então cozinho comidas veganas, faço fermentados, asso pão de fermentação lenta, desidrato legumes e frutas, planto e germino sementes, e enquanto faço tudo isso escuto livros que pego da biblioteca pública ou compro no audible. E leio livros no kindle, alguns no papel quando tenho a chance. E escuto podcasts, leio inúmeros artigos, me interesso por JEDI, meditação, feminismo, política, tanta coisa pra aprender e praticar. E ainda faço voluntariado. No futuro posso olhar pra essa época e talvez dizer que foi a mais produtiva da minha vida. E o futuro nem está tão distante assim.

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outubro

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and all at once, summer collapsed into fall. —Oscar Wilde

Na minha última semana na casa dos cinquenta comprei champagne francesa pra entrar na nova idade com a classe que ela merece. Fiz 60 anos, and I feel fine!

Eu e meus preconceitos: não vou ver uma série de adolescentes fazendo sexo na high school. Um ano depois, maratona neurótica de Sex Education, apaixonada por todos os personagens, chorei quando terminou e terceira temporada.

Eu e meus preconceitos: não vou ver uma série indicada pela amiga que é fã do Randy Rainbow. Um ano depois, maratona neurótica de Ted Lasso, tive que reativar a assinatura da Apple Tv, que delicia de série, foda-se que é sobre esportes, espero que nunca acabe. <3

Desde que comecei a wfh em tempo integral [3/20] que meus afazeres quintuplicaram. Subo e desço escadas o dia todo. Meu pedômetro conta em torno de 6 mil passos num dia normal, quando eu só saio de casa pra ir nadar. E nadar não conta passos. Acho simplesmente fantástica a minha lista de afazeres diários e o tanto que consigo terminar. Contando o emprego oficial. E ainda exercito, vejo séries e leio livros. Palmas pra mim, uma senhorinha dinâmica. rsrs.

Sou nadadora, mas não nado com maiôs de natação convencionais. Gosto imensamente dessa marca, PrAna. Os maiôs deles são sustentáveis e criativos. Compro dois a cada 4 meses, porque o cloro da piscina destrói tudo. Fazia uma eternidade que não comprava um maiô todo preto e até relutei. Acabei comprando um dessa marca e que lindo que ele ficou no corpo!

Este ano tomei meu flu shot bem bonitinha, pois:

1. tenho 60 anos
2. se precisar entrar no prédio do meu trabalho tenho que ter covid/flu shots.

Justo.

Lembra quando o instagram era um app para postar fotos diretamente do celular? Primeiro era só pra iPhone? Djezuis, tem dias que entro lá e não sei mais realmente o que é aquilo.

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Magnificent

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Essa árvore maravilhosa foi cortada ontem. Disseram que foi porque ela estava com problemas e tinha virado um risco. Passei por ela sendo tosada e senti uma tristeza profunda. Mas que sorte a minha poder ter caminhado por ela todos esses anos.

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bem no meio do segundo ano

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Em julho do ano passado entramos na segunda fase da pandemia, quando nos tocamos que estávamos nessa jornada para uma viagem bem longa. Em julho deste ano, o segundo ano da pandemia, tivemos uma brisa soprando em nosso favor. Depois de termos tomados a primeira [março] e a segunda [abril] dose da vacina. E removeram as restrições, começamos a fazer coisas, ir timidamente à restaurantes, fazendo uns passeios e pra quem quisesse [não nós!] ficar sem máscara em lugar fechado. Pra mim foi bem estranho, no primeiro dia no Farmers Market vendo metade das pessoas fazendo compras e vendendo, todos sem máscara! Levei duas semanas pra conseguir remover a minha, deixar os fazendeiros verem a minha cara. Também foi estranho remover a máscara no Food Bank, onde trabalho como voluntária desde fevereiro. Eu nunca tinha visto o rosto de ninguém. Lógico que achei bom remover a máscara em alguns lugares, mas as pessoas pararam tudo e dava até a impressão de que a pandemia tinha acabado. Nem foi por falta de aviso, mas acho que quem não viu as restrições voltando estava bem equivocado. E elas voltaram. Agora, todo mundo de máscara novamente até não sei quando. E temos que aceitar, porque a culpa é nossa mesmo–– digo, da humanidade, que não aprendeu nada, não evoluiu nada, muito pelo contrario. Tem muita gente que simplesmente se revelou ser uma bosta de ser humano, egoísta, preconceituoso, ignorante, rancoroso.

Nessa pandemia comecei a fazer uma coisa que quase não fazia antes: tirar e postar selfies. Fiquei pensando do por que eu estar fazendo isso, uma coisa que antes me custaria muito estresse, achando que a foto estava feia, que eu estava horrível. Bom, primeiro que acho que larguei mão, não estou mais tão preocupada. E segundo que eu acho que eu quis marcar presença, estar visível, me mostrar viva e evoluindo. E estou envelhecendo, acho que quero me conectar nisso.

Sou uma mulher de quase 60 anos e estou cada vez mais sem paciência pra essa cultura de aparências, ostentações e superficialidade. Quero ouvir outras mulheres, a experiência delas com o envelhecimento. Tenho escutado depoimentos num canal do YT. As mulheres, a maioria mais velha, falam sobre a vida, o aprendizado, o envelhecimento e vão se despindo, ficam só com a roupa de baixo. Não é uma coisa de mau gosto, muito pelo contrário. E ver esses corpos lindos, de todas as idades, tamanhos e bagagens, dá um certo conforto, pois vemos que não somos as únicas percorrendo esse caminho e não estamos sozinhas.

Meu gato Tim, de 18 anos, foi ao veterinário ontem só pra fazer um check-up, porque ele grita tanto, eu queria me certificar que tudo está bem. E está. Saúde muito boa pra um gato da idade dele, porém está com um pouco de demência. Eu não sabia que isso era possível em animais.

Nas redes sociais hoje me sinto completamente irrelevante. Fazendo algo que ninguém se importa ou se interessa. Gosto de postar fotos, mas ainda não me sinto confortável pra colocar a cara em videos, falando duas línguas ainda, pra não deixar ninguém de fora. Será que parei no tempo? Ainda sou “blogueira”? A que escreve? Ninguém quer ler mais nada, hoje é tudo imagem com instruções visuais. Nada a ver com o que fizemos por aqui há vinte anos.

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o passado não condena