Como seria a minha vida se eu fosse como uma dessas pessoas perfeitas e arrumadinhas? Aquelas que estão sempre alinhadas, com o cabelo penteado – nenhum fio fora do lugar -, o batom sempre nos lábios, sempre perfumadas, com a roupa passada, a postura ereta, sempre seguras, nunca suadas ou demonstrando nervosismo, sabendo onde colocar as mãos e como se portar em pé, que nunca riem babando, que bebem e não dão vexame, que não tem mau hálito, nem chulé, que falam bonito, não engasgam, não tropeçam, nunca falam uma palavra errada, estão sempre radiantes, a roupa branca realmente branca, o sorriso impecável, nunca piscaram uma ramela, nunca espirraram saliva ou nenhum líquido corporal viscoso em ninguém, não roncam, têm sempre a resposta perfeita na hora certa. Ah…………
Infelizmente eu pertenço ao ‘outro’ grupo de pessoas. Aquelas que estão sempre amarfanhadas, descabeladas – e nem está ventando -, cinco minutos comendo ou falando e já estão sem batom, o perfume sempre de menos ou demais, a roupa sempre amassada, corcundas até deitadas, suadas até no inverno, tremendo de nervosismo, estabanadas com mãos e pés, sempre soltando uma baba acidental quando dão uma gargalhada, que bebem e ficam chorando abraçadas na privada mais próxima – ou têm ataques de riso descontrolado -, que precisam estar sempre checando o bafo de alho, que não podem vestir tênis sem meia, que falam engasgando, gaguejando ou com erros básicos de concordância ou qualquer outra gafe gramatical, que estão sempre com olheiras marcantes e espinhas na ponta do nariz, a roupa branca amarelada, estão sempre preocupadas se não estão rindo com um naco de couve entalado entre os dentes, deixam escapar ramelas no canto do olho, estão sempre cuspindo sem querer ou espirrando na cara dos outros, roncam, ficam mudas ou balbuciando palavras tolas e só acham a resposta perfeita depois de duas horas. Bah……….