daylight saving time

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Entramos no ‘daylight saving time’ e adiantamos os relógios uma hora. Então estamos com apenas quatro horas de diferença com o Brasil. Fica mais fácil falar com amigos e família pelo telefone, mas eu detesto ter luz do dia até oito horas da noite….

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mama mia!

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Pausa na paparicação maternal para as novidades:
Mãe de peixe – ontem minha mãe conheceu o Blues e ADOROU! Claro! Um show no The Palms com o Joe Louis Walker e sua banda The Boss Talkers. Eu já vi dois shows do Walker e ele está cada vez melhor. Ele é um bluesman da Bay Area. Nos rebolamos na cadeira do Palms – que é uma cabana – até as 11:30pm!
Hoje um churrasco com amigos. Bebemos vinho branco gelado da Mondavi. Estava tudo uma delícia, inclusive o papo. A famílhoca inteira compareceu: mãe, pai, filho, namorada, avó! Só faltou o gato.
Mas que safado esse gato! Mordeu minha mãe no braço direito. E mordeu feio. Eu tinha avisado que ele tem esse negócio, de quando a mão que acaricia vem de frente ele pensa que é algum bicho que ele deve atacar. Algum trauma de infância, sei lá. Pois eu avisei minha mãe, mas não adiantou e agora ela vai levar pro Brasil de lembrança três arranhões grandões. Compramos uma caixa jumbo de band-aids. O Ursão já está com pratica de fazer curativos….
Amanhã vamos ouvir o Gospel de manhã e depois tem MACARRONADA!! O molho de tomates – vermelhihos e fresquinhos – já está no fogo! E as porpetas também. Yamis!

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revival

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Teve show do Paul MaCartney em Oakland nessa semana. O crítico do Sac Bee disse que foi dez! Por esses dias tem outro show do Crosby, Stills, Nash and Young [AND Young – isso é que faz a diferença!] em Sacramento. Em Junho, show do The Who em Sac também. Ainda tem tickets. Mas eu queria era mesmo ver uma reunião do Led Zeppelin! Será que rola?

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Mellow Mahal

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Pra compensar a confusão dramática do sábado à tarde, conseguimos chegar em casa à tempo para um banho e pegar a I80 até Sacramento e ver o show do Taj Mahal. De dedão ‘positivo’ e sem jantar, fomos ver o bluesman, porque precisávamos espairecer. Eu queria ter chego mais cedo e pego um lugar melhor, nas fileiras de baixo do teatro – um dos cinco mais bonitos de todo os EUA, o maravilhoso The Crest. Mas só um show no The Crest [que é um cinema da década de 40, pra quem não sabe] já é entretenimento. E eu estava ansiosa pra ver o Taj ao vivo.
Chegamos uns quinze minutos antes do show começar e enquanto davamos uma olhada geral pelo teatro, pra ver onde iríamos achar um lugar, vimos o Les e a Fran acenando, direto das cadeiras do meio, da parte alta do teatro. Fomos sentar lá com eles [e explicar o atraso e o dedão enfaixado!].
Estranhamos que não tinha quase nada no palco. Só um piano e um amplificador para guitarra. A Fran contou que tinha visto o Taj Mahal dando um show solo na década de 70, em New York. Mas foi porque deu um blizzard e a banda não conseguiu chegar a tempo no local. Mas pelo jeito da coisa ali no palco do The Crest, estava com cara que o Taj iria pisar no palco sózinho. E assim foi.
Mas o homem é um show! Tocou três números no piano – um sobre mulheres ‘gordas e sexy’ que fez todo mundo se chacoalhar e cantar o refrão animados. Depois plugou a guitarra acústica no amplificador e tocou ali, de pé, maravilhosamente por quase duas horas. Tocou de tudo, na maioria clássicos do Blues. Fez até um Robert Johnson – Come On In My Kitchen – que não deixou nada a desejar ao mestre.
Taj Mahal é um guitarrista excepcional. É tão suave e melodioso no dedilhado da guitarra e na maneira de cantar, que você embarca numa viagem astral em cada música. Ele canta gostoso, toca gostoso, conversa com a platéia, conta causos, fala da ‘linguagem universal da música’ que tranpassa barreiras de línguas e culturas e nos pede para apoiar essa música orgânica e pura, que não toca nas rádios, mas consegue nos envolver tão apaixonadamente. Eu adorei ver Taj Mahal ao vivo e ele foi o melhor remédio que eu recebi naquele sábado. Um analgésico potente para o meu dedão latejante!

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afreakyaccident

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Cozinha é um local perigoso. Um prato de cerâmica encardido de queijo derretido, água e uma esponja. Numa fração de segundos o prato quebrou, a carne se dilacerou, o sangue jorrou em bicas e lá fui eu correndo pro ER do Sutter Hospital, em Davis.Na triagem a enfermeira diz “você vai sobreviver, mas vamos ter que te costurar um pouquinho”. A pressão, que já estava baixa caiu de vez. Fui pra uma cadeira de rodas, porque não se podia correr o risco de um desmaio súbito e mais danos – desta vez pelo resultado de cair de cara no chão.
Primeiro faz a papelada. No meio do ‘nome-sobrenome-endereço’ me deram a lata de lixo pra vomitar. Tive de tudo: tonteiras, quase-desmaios, vômitos e até um peido desinibido, tal o nervoso de ver tanto sangue. O atendente, afetadíssimo, que escrevia meus dados num computador pergunta “você nasceu na Califórnia ou no México?”. Eu levanto a cara da lata de lixo e limpando a baba de vômito respondo com visível desdém “eu nasci no Brasil…”. Só fui melhorar dos enjôos e das tonturas quando uma senhora, voluntária, veio conversar comigo e perguntar o que tinha acontecido. “Me cortei num ‘freaking accident’ lavando um prato…”. Ela diz que já viu isso acontecer antes, só que com um copo.
Depois de duas horas entro na sala para ser costurada. Estou tremendo de frio. O ajudante de enfermeiro – chamado Patrick e com cara de estar muito puto por estar trabalhando num sábado – me colocou um roupão e me cobriu as costas com uma manta. Me fez perguntas como “você já foi vacinada contra tétano?”.
Mais um tempão esperando e entra o médico – a cara e a voz do Sam Elliott!!! Que sorte! Me espinetou com a injeção de anestesia, fez as costuras, eu reclamei que tava doendo, owch! Ele deu mais uma espinetada, disse que estava sangrando muito, deu as instruções gerais e disse com aquela voz de hollywood que a enfermeira viria limpar a bagunça.
A enfermeira me fez sangrar e quase desmaiar de novo. Ela chamou o Dr. Sam Elliott, que veio dizer novamente com aquela vozona de cinema que estava tudo bem. O Ursão disse “nós ainda temos que ir a um show hoje à noite…” e ela nem respondeu, claro, pois o que ela tinha a ver com isso? Embolotou meu dedão num curativo horrorildo e me mandou embora. “você está okay!”. Ah é? Como você sabe?
Sabe quantas vezes eu repeti a mesma história – tava esfregando o prato sujo de queijo pra colocar na dishwasher e ele quebrou na minha mão? Ninguém imagina o que é passar três horas dentro de um hospital dando essa explicação pra todo mundo. E vou viver com isso por dez dias…. explicando tudo de novo pra amigos, conhecidos, família, colegas de trabalho e – imagine se não – as crianças!

owch!

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aw, noooo….

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Wonderful land of California!
Inacreditável, mas estamos com um calor de 82°F [28°C] em plena primavera. Já estou até antecipando o [GASP!] verão…. Peraí, vamos devagar, né? 50, 60, 70 [SETENTA] e daí 80. Como é ruim essa pulação – dos 60 pros 80 em três dias. Eu estou toda atrapalhada e confusa, pois meu closet ainda está abarrotado de blusas de lã e casacos. Hoje vou ter que dar uma geral na zona. E ontem não tinha nenhuma roupa decente pra vestir. Parece que eu tô brincando, né, já que no meu armário falta cabide pra tanta roupa, mas é verdade! Não tinha. Roupa de verão estraga, porque lava mais que roupa de inverno. Já reparou nisso? E você cansa. As do ano passado me deram um enjôo. Eu comprei três dessas blusinhas de linha de seda italiana da GAP, com gola rulê e mangas cavadas – uma amarelinha, uma listradinha e outra preto e branco. Usei até não poder mais e não posso mais mesmo! Preciso sair às compras…..
Sem falar que estou branca e pálida. Eu detesto essa época de transição – saindo do inverno e saltando para o [GASP!] verão………..

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Falação

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Eu tenho uns vizinhos chineses que são realmente incomuns. Normalmente os chineses são famílias discretas e quietas, que nunca pertubam ninguém. Não é o caso desses meus vizinhos. Eles estão sempre gritando no quintal ou na frente da casa e outro dia tiveram uma briga homérica que durou quase uma hora, com uma gritaria insana, bateção de porta, criança berrando e eu até achei que iria dar tiro e sangue, num crime passional. Eu fiquei angustiada, ouvindo a mullher gritar alucinadamente em chinês e o marido retrucar também em chinês e a menina chorar escandalosamente. Eu até queria entender o que estava acontecendo, mas depois pensei que ouvir uma briga em outra língua – que você não compreende – te livra do trauma de ouvir coisas desnecesssárias, fora que em briga de marido e mulher, melhor não meter a colher – quanto menos você ouvir e entender, melhor. Mas briga é briga em qualquer linguagem e ouvir a discussão, mesmo não se entendendo uma palavra, dá angustia.
Hoje eles estão no quintal, falando altão. Eu até levo sustos, porque agora nunca sei se eles estão brigando ou apenas batendo um papinho casual.

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ah, all these neat people….

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Como seria a minha vida se eu fosse como uma dessas pessoas perfeitas e arrumadinhas? Aquelas que estão sempre alinhadas, com o cabelo penteado – nenhum fio fora do lugar -, o batom sempre nos lábios, sempre perfumadas, com a roupa passada, a postura ereta, sempre seguras, nunca suadas ou demonstrando nervosismo, sabendo onde colocar as mãos e como se portar em pé, que nunca riem babando, que bebem e não dão vexame, que não tem mau hálito, nem chulé, que falam bonito, não engasgam, não tropeçam, nunca falam uma palavra errada, estão sempre radiantes, a roupa branca realmente branca, o sorriso impecável, nunca piscaram uma ramela, nunca espirraram saliva ou nenhum líquido corporal viscoso em ninguém, não roncam, têm sempre a resposta perfeita na hora certa. Ah…………
Infelizmente eu pertenço ao ‘outro’ grupo de pessoas. Aquelas que estão sempre amarfanhadas, descabeladas – e nem está ventando -, cinco minutos comendo ou falando e já estão sem batom, o perfume sempre de menos ou demais, a roupa sempre amassada, corcundas até deitadas, suadas até no inverno, tremendo de nervosismo, estabanadas com mãos e pés, sempre soltando uma baba acidental quando dão uma gargalhada, que bebem e ficam chorando abraçadas na privada mais próxima – ou têm ataques de riso descontrolado -, que precisam estar sempre checando o bafo de alho, que não podem vestir tênis sem meia, que falam engasgando, gaguejando ou com erros básicos de concordância ou qualquer outra gafe gramatical, que estão sempre com olheiras marcantes e espinhas na ponta do nariz, a roupa branca amarelada, estão sempre preocupadas se não estão rindo com um naco de couve entalado entre os dentes, deixam escapar ramelas no canto do olho, estão sempre cuspindo sem querer ou espirrando na cara dos outros, roncam, ficam mudas ou balbuciando palavras tolas e só acham a resposta perfeita depois de duas horas. Bah……….

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o passado não condena